Por mercado de US$ 6 bilhões, Basf mira em praga do milho

Marcelo Batistela, vice-presidente da Divisão de Soluções para Agricultura da
Basf no Brasil — Foto: Basf/ Divulgação

Por Marcelo Beledeli

Com forte atuação no segmento de fungicidas, a Basf decidiu brigar por espaço no combate a insetos nas lavouras. O milho, uma das culturas com área de utilização de defensivos agrícolas mais extensa do país, será a primeira grande aposta da multinacional em sua nova estratégia para o mercado de inseticidas, que movimentou US$ 6,4 bilhões no Brasil em 2024, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

A empresa criou um produto para o combate à cigarrinha-do-milho, uma das pragas mais danosas à cultura. Segundo pesquisas da Embrapa, em áreas de alta incidência, o inseto (Dalbulus maidis) faz com que a lavoura tenha queda de produtividade de até 70%.

A Basf já atua no mercado de inseticidas, mas o novo lançamento é um marco de transição da estratégia para o segmento por ser o primeiro totalmente desenvolvido pela empresa. Até agora, a multinacional vinha utilizando ingredientes ativos de fornecedores parceiros para atuar no segmento.

A empresa obteve a aprovação do produto em dezembro de 2024 e pretende começar as vendas por aqui no segundo semestre deste ano. A molécula é um lançamento global da Basf, e o Brasil é o primeiro mercado a receber a tecnologia na América Latina. “Em um segundo momento, esse lançamento também será indicado para outros cultivos”, disse Marcelo Batistela, vice-presidente da divisão agro da multinacional no Brasil.

A cigarrinha hospeda-se nos cartuchos e nas folhas de milho e se alimenta da seiva da planta. Ao fazer isso, dissemina doenças — chamadas de enfezamentos — causadas por bactérias. “A redução do potencial produtivo ocorre porque essas doenças estrangulam a base do milho, impedindo a chegada de nutrientes à parte de cima da planta”, afirma Ivan Veronese, engenheiro agrônomo de desenvolvimento de mercado da Basf.

Ao invés de focar apenas na morte rápida da cigarrinha, o novo produto faz o inseto ficar “letárgico” e não se alimentar – a transmissão das bactérias ocorre quando a praga suga a seiva da planta. Segundo Veronese, em testes com alta incidência de cigarrinha, o controle da infestação foi de mais de 90%.

O alto custo de desenvolvimento de produtos químicos é uma das razões para a companhia ter decidido postergar a criação de um inseticida com molécula própria. Segundo a empresa, desenvolver uma nova molécula de defensivo exige investimentos de 300 milhões de euros e chega a levar 12 anos.

Batizado de Efficon, o produto contém o ingrediente ativo dimpropiridaz. Ainda que a nova estratégia para o mercado de inseticidas esteja no início, a companhia quer, em cinco anos, liderar as vendas de produtos destinados ao combate à cigarrinha e a outros insetos vetores de doenças do milho.

Os números atestam o potencial do mercado brasileiro de inseticidas. O milho responde por 16% da área total de aplicação de defensivos agrícolas no Brasil, segundo pesquisa que a consultoria Kynetec fez para o Sindiveg. Apenas a soja, com 56%, tem área maior.

Os produtores aplicaram algum tipo de inseticida em 23% da área agrícola brasileira no ano passado, segundo o levantamento — os herbicidas, com aplicação em 45% da área total, lideraram nesse quesito. Já os inseticidas responderam por 34% do total, segundo o Sindiveg.

Fonte: Globo Rural