Com instabilidade no mercado, preço dos CBios continua em baixa no começo de outubro

Somando o número de créditos de descarbonização (CBios) em estoque ao final da sessão desta quarta-feira, 15, os papéis que foram retirados de circulação em 2025 e os 181 mil títulos que foram aposentados de forma antecipada no ano passado, o volume total chegou a 50,12 milhões de CBios, ultrapassando em 1,5% o objetivo para este ano.

A meta para 2025 foi calculada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis em 49,36 milhões de CBios. Ela considera, além dos 40,39 milhões de créditos aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), também os 10,49 milhões de CBios que ficaram pendentes do ano passado. Além disso, foram descontados 1,52 milhão de títulos abatidos das metas individuais das distribuidoras que cumpriram contratos de longo prazo com produtores de biocombustíveis.

Com esta oferta e faltando mais de dois meses para o fim do prazo, o mercado de CBios continuou contabilizando quedas na primeira quinzena de outubro. No período, os títulos foram negociados por, em média, R$ 40,55, retração de 8,8% em relação às últimas semanas de setembro.

O valor também está 34,6% abaixo da média de 2025, de R$ 61,95, e 51,1% aquém da média histórica do RenovaBio, de R$ 82,90.

Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana a partir dos dados divulgados pela bolsa de valores brasileira B3, a única entidade registradora do programa.

A tendência de baixa ainda pode ser justificada pelas duas decisões judiciais favoráveis às distribuidoras que não cumpriram suas metas individuais. De acordo com apuração do Jota, em ambos os casos, os magistrados determinam que depósitos judiciais sejam usados para o cumprimento de metas em aberto. Desta forma, as decisões fixaram os preços dos créditos abaixo do valor de mercado – em uma delas, o valor estabelecido foi de R$ 2,46 por CBio.

Na primeira quinzena de outubro, 4,07 milhões de papéis foram negociados (queda de 24,8% na comparação quinzenal), movimentando R$ 165,08 milhões (+27,5%). Por sua vez, o preço de negociação dos CBios variou entre R$ 36 e R$ 54,04. O maior valor foi visto no dia 1º, enquanto o menor foi registrado nos dias 13 e 15.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.

Ainda conforme a B3, entre janeiro até as primeiras semanas de outubro, o volume financeiro das negociações alcançou R$ 4,17 bilhões. O valor está 34,4% abaixo do visto no mesmo recorte de 2024, quando foram movimentados R$ 6,35 bilhões. O volume de CBios, por sua vez, apresentou uma queda de 4,8% na mesma comparação, saindo de 70,63 milhões para 67,26 milhões. A queda pode ser justificada pelo cenário de retração nos preços visto ao longo do ano, provocado por uma maior oferta em relação à demanda.

Posse e aposentadoria

Em 15 de outubro, a B3 encerrou a sessão com 31,03 milhões de créditos em circulação. O montante representa 62,9% do objetivo calculado pela ANP para o ano.

Do total de CBios disponíveis no mercado ao final da quinzena, 49,5%, ou 15,35 milhões, estavam em posse das distribuidoras de combustíveis, com metas a cumprir. Já as usinas certificadas no programa detinham 15,13 milhões, ou 48,7%. Desta forma, os 553,04 mil créditos restantes (1,8%) estavam com investidores sem metas.

Além disso, na primeira quinzena de outubro, 738,63 mil créditos foram aposentados, baixa de 66,3% em relação aos 2,19 milhões de títulos que saíram de circulação no mesmo período de 2024. Entretanto, no acumulado do ano, 18,9 milhões de CBios saíram do mercado, queda de 42,9% na comparação anual. Com isso, apenas 38,3% da meta de 2025 foi realmente alcançada até agora.

De acordo com dados atualizados pela B3, não ocorreram aposentadorias por companhias sem metas a cumprir neste ano. Segundo as regras do RenovaBio, a retirada de títulos feita por partes não obrigadas pode ser deduzida dos objetivos finais do programa. Com isso, as aposentadorias feitas durante o ciclo 2025 devem ser contabilizadas no próximo ano.

Emissões

Na primeira quinzena de outubro, as usinas certificadas no RenovaBio emitiram 1,77 milhão de CBios, queda de 14,5% na comparação anual. No acumulado de 2025, por sua vez, as sucroenergéticas escrituraram 33,56 milhões de títulos. Em relação ao mesmo período do ano passado, a retração foi de 4,7%. Segundo a ANP, 341 usinas estão atualmente certificadas para a emissão dos créditos do RenovaBio. Destas, cinco fabricam biometano e outras 43, biodiesel.

Dentre as 293 usinas de etanol certificadas, 276 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; oito processam cana e milho; oito, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Desde o início do programa RenovaBio até o momento, 192,3 milhões de CBios já foram emitidos por estas companhias.

Por Giully Regina

Fonte: NovaCana