
Por Giully Regina
Entre os dias 22 e 28 de junho, os preços do etanol passaram pela sexta queda consecutiva na média nacional, de 0,2%, saindo de R$ 4,20 por litro para R$ 4,19/L. A gasolina, por sua vez, ficou estável em R$ 6,23/L.
O preço do fóssil não sentiu as flutuações do preço do petróleo, que subiu com a guerra entre Israel e Irã, pois a Petrobras não fez ajustes. O conflito arrefeceu em menos de uma semana e os valores do barril voltaram ao patamar anterior, abaixo de US$ 70. O gerente da estatal, Wagner Victer, afirmou que manter os preços dos combustíveis foi uma decisão acertada.
Os números divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) levam em conta não somente o que é observado nos postos, mas também os volumes vendidos. Dessa forma, grandes mercados consumidores têm maior representatividade no resultado.
Com isso, o preço do renovável se manteve dentro da faixa considerada economicamente favorável para o consumidor. Conforme a ANP, a relação entre o valor do etanol e o da gasolina foi de 67,3% na média nacional, abaixo dos 67,4% do período anterior.
Na última quarta-feira, 25, o governo aprovou a mistura de 30% de etanol à gasolina, que deve entrar em vigor no início de agosto. O Ministério de Minas e Energia (MME) prevê uma redução de até R$ 0,11 por litro no preço da gasolina.
A StoneX acredita que, com a adoção da medida, o biocombustível deve perder participação de mercado, com uma dinâmica menos competitiva frente ao fóssil. A consultoria aponta que o consumo de gasolina deve chegar a 46,5 bilhões de litros até o final do ano, superando o recorde visto em 2023. Atualmente, considerando as médias estaduais, o biocombustível ainda é tido como competitivo em cinco estados.
De 23 a 27 de junho, o hidratado foi vendido pelas usinas de São Paulo a R$ 2,6099/L, aumento de 1,6% frente aos R$ 2,5696/L da semana anterior. As usinas goianas tiveram incremento de 1,2% e as mato-grossenses, de 0,4%. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP.
Variações nos estados
Em relação ao valor nos postos, a amostragem de municípios tem mudado a cada análise. No período mais recente, a pesquisa da ANP foi feita em 365 cidades brasileiras, sete a mais do que na semana anterior.
De acordo com a ANP, de 22 a 28 de junho, os preços médios do etanol caíram em 11 estados e no Distrito Federal, aumentaram em oito e ficaram estáveis em sete. Já os da gasolina tiveram queda em oito unidades da federação, subiram em 11 e se mantiveram em oito.
Em São Paulo, tanto o valor do biocombustível quanto o do fóssil ficaram estáveis em, respectivamente, R$ 3,98/L e R$ 6,07/L. Assim, a relação entre os preços se manteve em 65,6%, patamar considerado economicamente favorável para o renovável.
Em Goiás, o etanol foi comercializado a R$ 4,42/L, redução de 0,2%. Já a gasolina retraiu 0,2%, para R$ 6,24/L. Dessa forma, a relação entre os preços dos combustíveis foi de 70,8%, sem vantagem econômica para o consumo do renovável.
Por sua vez, em Minas Gerais, o preço do etanol se manteve em R$ 4,23/L, enquanto a gasolina teve alta de 1,2%, para R$ 6,18/L. Nesse caso, o renovável custou o equivalente a 68,4% do preço do combustível fóssil, com o biocombustível sendo considerado competitivo.
Em Mato Grosso, o valor médio do etanol teve queda de 2,5%, para R$ 3,85/L, menor preço dentre todos os estados, enquanto a gasolina caiu 0,2%, para R$ 6,10/L. Com isso, a relação entre os preços ficou em 63,1%, a mais competitiva do país.
Já em Mato Grosso do Sul, o etanol subiu 0,3%, para R$ 3,92/L, e a gasolina ficou estável em R$ 5,98/L. Assim, o valor do biocombustível correspondeu a 65,6% do preço de seu concorrente fóssil, em um resultado economicamente favorável para o consumo do renovável.
Por fim, no Paraná, o etanol custou o equivalente a 67,5% do preço da gasolina, um patamar considerado vantajoso para o biocombustível. No período, o valor do etanol caiu 0,7%, para R$ 4,40/L, e o da gasolina se manteve em R$ 6,52/L.
Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também é possível acessar gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.
Corte de gastos
Atualmente, a empresa contratada pela ANP para a realização do levantamento é a Triad Research Consultoria e Pesquisa de Mercado. A vigência do acordo começou em 26 de setembro de 2022 e o cronograma inicial previa um crescimento gradual da amostragem, atingindo 459 municípios até 16 de abril de 2023.
Entretanto, o alcance do estudo foi reduzido a partir de julho de 2024 devido a cortes no orçamento da ANP. Com isso, a abrangência máxima passou a ser de 358 cidades.
Em 23 de junho, a ANP anunciou uma nova redução amostral no contrato, já em vigor. A agência relata que tinha a previsão de voltar a atingir 459 municípios no segundo semestre deste ano, mas que os cortes orçamentários devem permitir a amostragem máxima de 390 municípios para preços de combustíveis automotivos.
Na mesma ocasião, a reguladora afirmou que irá suspender o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) de 1º a 31 de julho deste ano.
Fonte: NovaCana