Produção doméstica de fertilizantes e defensivos: alavancas essenciais para o agronegócio

O estímulo ao crescimento na produção doméstica de fertilizantes e defensivos é um avanço fundamental para garantir a evolução e o bom desempenho do agronegócio brasileiro nos próximos anos. Essa foi uma das conclusões da segunda Live da série “Conexão SCA Brasil”, realizada nesta segunda-feira, 15/04, com as presenças do presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, Jacyr Costa Filho, e do diretor da SCA Brasil Aliança, Alexandre Menezio.

Entre as importantes inovações analisadas durante o programa, destaca-se o crescimento na utilização dos biológicos e o Programa Nacional de Fertilizantes. Para Costa Filho, a iniciativa criada no governo anterior assume contornos mais abrangentes do que um plano de governo e transforma-se em plano de Estado, ao ser assumido pelo atual governo. É um plano que estabelece diretrizes e gestão para aquisição e produção de insumos importantes para a competitividade do agro nacional.

O país importa cerca de 85% de todos os fertilizantes usados na produção agrícola nacional. “Só de potássio são 95%, praticamente todo o consumo de cloreto de potássio, insumo crucial para a produção de soja, principal cultura do agro brasileiro”. A recente autorização de funcionamento da mina em Autazes (AM) para exploração do insumo é uma das boas novas do setor. Costa Filho observa ainda que esse processo de liberação da mina se arrastava há 15 anos, o que é um absurdo por ser estratégico para os interesses nacionais.

“Hoje a importação que vem do Canadá percorre 15 mil quilômetros até chegar aqui.  A mina de Autazes dista apenas 1.500 km de Sinop (MT), que é um grande polo produtor de soja no Norte do Mato Grosso. Temos de acelerar esse projeto”, alertou.

A inauguração da mina de fósforo na Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro, é a segunda boa nova em relação à produção de insumos no âmbito doméstico. “Mas há outros projetos que trazem inovação para essas áreas, como no caso dos nitrogenados fabricados a partir de energia renovável, alterando o patamar de custos na produção e com grande vantagem para os créditos de carbono do agro, os CBios”, contextualizou o presidente do Cosag.

Alexandre Menezio analisou um tempo, não muito distante, em que o Brasil abandonou a produção de nitrogenados por falta de competitividade em relação aos importados. “Temos novidades nessa área, para reverter o quadro, com a utilização de energia renovável, eólica, solar, projetos bem interessantes e uma produção local de gás natural, com o advento do Pré-Sal. São fatores relevantes para a redução de custos de produção para os nitrogenados”, complementou Menezio.

No contexto dos negócios da SCA Brasil, a análise se expande. Menezio apresentou estudo da composição de preços praticados atualmente. “Há muita volatilidade para a composição de custos, cuja precificação dos insumos depende de estudos e análise internos para a entrega a preço justo em reais”.

Biológicos

O crescimento dos defensivos biológicos no Brasil foi examinado como caminho para reduzir a dependência dos importados. Alexandre Menezio observou que metade dos defensivos com os quais a SCA Brasil trabalha são genéricos. “Nós compramos R$ 800 milhões/ano, a metade é genérica e 80% são produzidos na China e na Índia. Tanto a China quanto a Índia já percorreram esse caminho, tendo investido nesses insumos”, analisou o executivo.

Jacyr Costa Filho lembrou que vem do setor de cana-de-açúcar, que há muito tempo investe nos bioinsumos, um contexto já incorporado. “Benefícios como a redução de custos e maiores resultados são observados, mostrando a importância de se investir no setor, considerando fatores de inovação que justificam mais investimentos em pesquisa”. 

Menezio concorda com a análise de Costa Filho: “O mercado se resolve e eu afirmo isso com o exemplo do Programa Nacional de Fertilizantes. Quando ele foi lançado, confesso que não me entusiasmou, mas depois, a gente vê chegarem os investimentos, mesmo empresas estrangeiras investindo no Brasil, o que mostra uma perspectiva interessante”.

A próxima live da série “Conexão SCA Brasil” será no dia 16 de maio. O programa foi criado para examinar assuntos de destaque no contexto do agronegócio nacional, priorizando temas próximos dos combustíveis renováveis e das compras em grupo, principais áreas de atuação da SCA, sem abrir mão de pautas transversais e de ampla relevância. Todas as edições do “Conexão SCA Brasil” ficam disponíveis para visualização no canal da SCA Brasil no YouTube.