
O renomado professor de economia em Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kenneth Rogoff, concedeu entrevista ao Valor Econômico, no contexto do lançamento de seu novo livro “Our Dollar, Your Problem”. O tema da publicação é uma análise do declínio da dominância do dólar americano, iniciado, segundo o professor, antes das políticas de Donald Trump. Rogoff argumenta que o domínio do dólar atingiu seu pico em 2015 e prevê uma queda adicional de 5% a 10% em seu valor, impulsionada por fatores internos nos EUA e a flexibilidade cambial crescente na Ásia, especialmente na China.
O momento e o contexto do lançamento do livro são notavelmente precisos, assim como foi com sua obra anterior, “Desta Vez é Diferente”, publicada durante a crise financeira de 2008. Rogoff vê nas políticas fiscais insustentáveis dos EUA e na diminuição da independência do Federal Reserve, o Banco Central americano, fatores que aceleram o declínio do dólar.
No contexto atual, onde países buscam reduzir a dependência do dólar, as políticas comerciais de Trump, como as tarifas, apenas intensificam esse movimento. Rogoff acredita que o dólar ainda está supervalorizado e prevê que sua queda continue. Ele ressalta que, embora o dólar permaneça importante, o cenário global está se movendo em direção a um maior equilíbrio entre moedas, com o yuan chinês (CNY) ou renminbi (RMB), e o euro ganhando espaço.
A análise de Rogoff sugere que o declínio do dólar está embutido em tendências econômicas globais e políticas internas americanas, sendo Trump um catalisador, mas não a causa principal. A transição para um sistema financeiro mais diversificado parece inevitável, embora gradual, com o dólar ainda desempenhando um papel central, mas sob crescente pressão para se adaptar a um mundo multipolar.
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