Por Giully Regina
Na segunda quinzena de fevereiro, o preço dos créditos de descarbonização (CBios), vinculados ao programa RenovaBio, registrou uma nova queda. No período, o valor médio dos papéis ficou em R$ 103,45, retração de 7,3% em relação à primeira metade do mês.
O valor também é 5,3% inferior à média de 2024, de R$ 109,24. Por outro lado, o montante ficou 16,5% acima da média histórica do programa, de R$ 88,8.
Os números são resultados de cálculos feitos pelo NovaCana, com base nos dados da Bolsa de Valores Brasileira (B3), única entidade registradora do programa.
Na segunda quinzena de fevereiro, os CBios foram comercializados entre R$ 98,65 e R$ 108,5. O valor mais alto foi registrado no dia 26, enquanto o mais baixo foi visto no dia 27. Desde o início do RenovaBio, os preços dos créditos variaram entre R$ 15 e R$ 209,05.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Posse e aposentadoria
No dia 1º de março, a B3 iniciou a sessão com 32,97 milhões de créditos em circulação. Do total, 23,69 milhões, ou 71,9%, estavam em posse das distribuidoras, que possuem metas individuais no programa.
As usinas certificadas, por sua vez, detinham 26,6%, totalizando 8,76 milhões de CBios. Já os 518,64 mil restantes (1,6%), estavam com investidores sem metas.
Segundo os objetivos individuais publicados pela ANP, que considera o volume de créditos não aposentados em 2022, as distribuidoras precisam aposentar 40,95 milhões de CBios até 31 de março. Os créditos atualmente em circulação seriam suficientes para alcançar 80,5% deste montante.
Mas, ainda de acordo com a ANP, 5,5 milhões de créditos relacionados à meta de 2023 foram aposentados até o final de setembro. Este volume, somado aos CBios em circulação e aos aposentados desde então, chega a 47,5 milhões de títulos, o suficiente para atender a meta atualizada para 2023, com excedente de 6,6 milhões de créditos.
Entre outubro de 2023 e a segunda quinzena de fevereiro deste ano, 11,29 milhões de créditos foram retirados de circulação, com 894,13 mil saindo do mercado na última quinzena. Houve um incremento considerável, acima de 4.000%, em relação aos 18,72 mil créditos que foram aposentados na segunda metade de fevereiro de 2023.
No total, o volume aposentado desde 1º de outubro corresponde a 27,6% do objetivo das distribuidoras para este ano.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste volume seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feita pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias do ciclo atual devem ser contabilizadas apenas para o próximo.
Emissões em alta
Com o aumento nas vendas de etanol, as emissões dos créditos também continuaram em alta. Na quinzena, as usinas certificadas no programa escrituraram 2,26 milhões de títulos, alta de 25,5% em relação aos 1,8 milhão de créditos vistos no mesmo período do ano anterior. Assim, os produtores já emitiram um total de 6,6 milhões de créditos em 2024.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 325 unidades participam do RenovaBio atualmente, sendo que quatro fabricam biometano e outras 38, biodiesel.
Dentre as 283 usinas de etanol certificadas, 270 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; seis processam cana e milho; seis, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Considerando desde o encerramento do prazo para a entrega da meta referente à 2022, em outubro do ano passado, o mercado recebeu 17,28 milhões de CBios.
Desde o início do programa, em 2020, até agora, 122,83 milhões de créditos já foram emitidos.
Fonte: NovaCana