Preço dos CBios recua para R$ 67 em abril e preocupa setor de biocombustíveis


O mercado de Créditos de Descarbonização (CBios) registrou queda nos preços e no volume de negociações em abril de 2025, segundo dados do relatório Monitoramento RenovaBio, publicado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.

Os CBios encerraram o mês cotados a R$ 67,00, com queda de 2,8% em relação a março. A média de preço no acumulado do ciclo 2025 está em R$ 73,80, valor 9% inferior ao do ano-meta 2024. Além da retração no preço, o volume de negócios também recuou. Em abril, foram negociados 4,93 milhões de CBios, o que representa queda de 8% na comparação com março e 35% abaixo do registrado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o volume de créditos negociados totaliza 28,1 milhões, o que representa 7% a menos que no mesmo período de 2024.

A emissão de CBios em abril foi de 3,47 milhões de créditos, número alinhado com o mesmo mês do ano passado, mas 6% abaixo de março. O total de CBios emitidos no acumulado do ano alcança 14,42 milhões, o que representa um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2024.

O estoque total de CBios no mercado em 30 de abril era de 24,82 milhões de créditos, crescimento de 3,15 milhões no mês. A parte obrigada, ou seja, as distribuidoras de combustíveis que precisam comprar CBios para compensar suas emissões, acumulava 8,97 milhões em estoque, enquanto os emissores mantinham 15,73 milhões.

Até o momento, 6,05 milhões de CBios foram aposentados no ano-meta 2025, sendo apenas 391 mil em abril — volume considerado modesto diante das metas individuais estabelecidas, que somam 49,5 milhões de créditos para o ano.

Nova legislação aperta cerco a distribuidoras inadimplentes

O mês de abril também foi marcado pela publicação do decreto que regulamenta a Lei 15.082/2024, conhecida como “Lei do CBio”, que endurece as regras do RenovaBio. Entre os destaques:

  • Multas de até R$ 50 milhões para usinas que não fizerem o rateio de CBios corretamente aos produtores de cana.
  • Distribuidoras inadimplentes poderão ser multadas em até R$ 500 milhões, com risco de proibição na comercialização de combustíveis.
  • Descumprimento das metas será considerado crime ambiental, com a ANP responsável por informar o Ministério Público Federal e o IBAMA.

De acordo com análise do BBA, essas medidas indicam um movimento para reforçar a credibilidade e o funcionamento do RenovaBio, garantindo que os compromissos ambientais sejam cumpridos com mais rigor e transparência.

Fonte: Revista RPA News