
O Agro Mensal, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, apresenta uma análise detalhada do mercado de farelo e óleo de soja, destacando a valorização interna, o comportamento das exportações e o impacto sobre as margens de esmagamento.
Farelo de soja reage no mercado internacional após seis meses de queda
Após seis meses consecutivos de retração, o farelo de soja registrou alta na Bolsa de Chicago (CBOT) em agosto, avançando 5%, para USD 282,4/t. A valorização foi motivada por paradas programadas de esmagadoras nos EUA, que elevaram a preocupação com menor oferta. Apesar do aumento, a média de agosto continua sendo a segunda menor do ano.
Por outro lado, o óleo de soja recuou 3,7% em Chicago, para USDc 53,2/lb, acompanhando a queda do petróleo, que registrou desvalorização de quase 5% no mesmo período.
Mercado interno registra valorização com apoio do biodiesel
No Brasil, tanto o farelo quanto o óleo de soja apresentaram alta em agosto. Em Campinas, o farelo subiu 4%, enquanto em Rondonópolis a alta foi de 1,1%, chegando a R$ 1.481/t. Já o óleo de soja valorizou 4,4% em Mato Grosso, atingindo R$ 6.219/t, impulsionado pela demanda firme do setor de biodiesel, especialmente após a implementação do B15, que mantém o consumo elevado.
O relatório indica que o mercado doméstico está relativamente descolado da CBOT e deve manter tendência de altas graduais até o final da temporada, sustentado por exportações consistentes, demanda firme e margens industriais vinculadas ao óleo como principal pagador do esmagamento.
Margens de esmagamento enfrentam pressão no Brasil
Apesar da valorização do farelo e do óleo, o aumento do preço da soja pressionou as margens de esmagamento, que continuam desfavoráveis no mercado doméstico. A maior oferta de farelo mantém pressão sobre os preços, enquanto a demanda interna não apresenta fôlego adicional.
Indústrias podem antecipar paradas de manutenção ou reduzir o ritmo de processamento, impactando o fornecimento interno de óleo e o custo do biodiesel. Nos EUA, entretanto, as margens permanecem saudáveis, incentivando o aumento do processamento, apesar das incertezas na política de biocombustíveis.
Demanda internacional e perspectivas futuras
A demanda chinesa pela soja brasileira segue firme, enquanto não há solução definida para as negociações comerciais com os EUA. Caso a compra da China não avance no trimestre nov-dez-jan, os preços da soja no Brasil devem continuar subindo, pressionando ainda mais as margens de esmagamento e potencialmente reduzindo o processamento.
No mercado internacional, o óleo de soja em Chicago deverá permanecer volátil, influenciado por decisões da EPA sobre isenções para pequenas refinarias e pela política de biocombustíveis nos EUA. Apesar disso, as margens de esmagamento nos EUA devem seguir saudáveis, mantendo o suporte para a continuidade do processamento.
Fonte: Portal do Agronegócio