
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A elevação do percentual de etanol na gasolina, de 27% para 30%, e do biodiesel no diesel mineral de 14% para 15%, representa um passo decisivo para a autossuficiência do Brasil em combustíveis, evitando efeitos causados por atritos geopolíticos e fortalecendo a transição energética no país. Assim reagiu o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, à decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) anunciada nesta quarta-feira (25/06).
A aprovação das novas misturas pelo CNPE, que é vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), era medida prevista na Lei do Combustível do Futuro. Os novos percentuais entrarão em vigor a partir de 01 de agosto próximo. “Trata-se de uma política que consolida o Brasil como um dos países mais avançados rumo à bioeconomia, reduzindo a dependência da gasolina e diesel importados e inaugurando uma nova etapa para a indústria de biocombustíveis”, observou Ono.
Para o executivo, as medidas inauguram uma nova etapa na cadeia de biocombustíveis, alavancando a geração de empregos e novos negócios, proporcionando mais economia para os consumidores e melhoria da qualidade do ar nos grandes centros urbanos.
No curto prazo, a mistura de 30% de etanol, também conhecida como E30, pode reduzir em até R$ 0,11 o preço da gasolina comum nas bombas. Ainda segundo projeções do CNPE, no médio e longo prazo o ganho poderá atingir o patamar de R$ 0,20. Isso considerando a manutenção dos atuais níveis de produção nacional de gasolina e o fim da dependência em relação ao combustível importado.
O E30 também deve atrair R$ 10,14 bilhões em investimentos, sendo R$ 8,45 bilhões em capacidade industrial e R$ 1,69 bilhão em máquinas agrícolas, além de criar mais de 51 mil empregos diretos e indiretos na indústria e no campo. Em relação à demanda por anidro, dados da SCA Brasil indicam um acréscimo de 1,2 bilhão a 1,3 bilhão de litros por ano.
O novo teor do biocombustível, cuja viabilidade técnica foi comprovada por estudos conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), também trará benefícios para a saúde pública, reduzindo a emissão de poluentes em aproximadamente 3 milhões de toneladas de CO2eq/ano, de acordo com o CNPE.
Biodiesel
Sobre a adoção do B15, o CEO da SCA ressalta a importância do biodiesel para a descarbonização do segmento de veículos pesados, como caminhões, máquinas agrícolas e ônibus: “Com o B15, pavimenta-se um caminho mais sustentável para se mitigar a emissão de GEEs em um dos setores mais poluentes dos transportes em geral”.
Para o head de biodiesel da SCA Brasil, Filipe Cunha, o Brasil, grande produtor de soja, tem ampla disponibilidade de matéria-prima para a produção do B15. “Em 2024, foram mais de 9,3 bilhões de litros de biodiesel comercializados, sendo que cerca de 74% desse volume foi produzido a partir do óleo de soja. Com a nova mistura, espera-se um aumento de quase 1 bilhão de litros no consumo anual do biocombustível”, conclui o executivo.