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DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (10 a 14/03/2025)
A semana foi marcada pelo pedido de suspensão da mistura do biodiesel ao diesel pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). A China taxou em 100% o óleo de canola do Canadá, que poderá pressionar os mercados de óleos vegetais. No Brasil, a colheita da soja avança em ritmo acelerado, mas o Rio Grande do Sul enfrenta desafios climáticos que impactam a produtividade.
A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) atualizou sua estimativa de produção de soja para 167,4 milhões de toneladas, 13,3% superior à safra passada. Após o início mais lento da colheita, causado por atrasos no plantio e excesso de chuvas em janeiro, a redução das precipitações em fevereiro propiciou um grande avanço na área colhida.
Nesta semana, o índice de colheita atingiu 60,9% da área plantada, superior ao registrado no mesmo período na temporada anterior bem como à média dos últimos cinco anos. Os rendimentos obtidos até o momento têm superado positivamente as expectativas iniciais em importantes estados produtores, como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Por outro lado, a estiagem provocou queda de 30,4% na produção de soja do Rio Grande do Sul, segundo balanço da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A estimativa inicial previa a colheita de 21,6 milhões de toneladas, mas foi reduzida para 15 milhões de toneladas.
Para a próxima semana, o Brasil terá temperaturas moderadas e aumento das chuvas, com precipitação de 25 a 100 mm acima do normal em áreas como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Norte, enquanto a Região Sul e a Bahia ficarão mais secas. O calor será mais intenso no Rio Grande do Sul e partes de Minas Gerais e Bahia, mas a maioria das regiões terá temperaturas próximas ao normal. Na Argentina, o clima será quente e seco, com temperaturas 3 a 6 °C acima do normal na primeira metade da previsão e totais de chuva 30 a 60 mm abaixo do normal, o que pode impactar as principais regiões agrícolas.
O óleo de soja permanece como opção mais barata para os importadores de óleos vegetais, especialmente em comparação ao óleo de palma e ao óleo de girassol, que estão mais caros. A alta é atribuída a questões estruturais e quebras de safra. O processamento de soja nos EUA é recorde, assim como a produção de óleo. Os estoques, no entanto, permanecem alinhados com a média histórica, indicando aumentos no consumo e especialmente nas exportações. O programa americano de exportação está em 833 mil toneladas, acima novamente da estimativa do USDA de 813 mil.
A Malásia, segundo maior produtor mundial de óleo de palma, registrou queda de 4,31% nos estoques do produto em fevereiro, atingindo o nível mais baixo em 22 meses. A produção de óleo de palma bruto também caiu 4,16%, para 1,19 milhão de toneladas, o nível mais baixo em três anos, por causa de enchentes que interromperam a produção. Essa escassez de oferta deve sustentar os preços do óleo de palma no curto prazo. O contrato de maio/25 de óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou em 41,59 cents/libra na sexta-feira, queda de 4,2% na semana, enquanto os prêmios do óleo de soja em Paranaguá subiram 90 pontos, fechando a semana em 3,90 cents/libra. Dessa forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma desvalorização de 2,0%, fechando a semana a US$ 1.003/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana foi marcado por baixas ofertas dos produtores, alegando um aumento na demanda das retiradas dos volumes dos contratos por parte das distribuidoras. Apesar disso, o volume comercializado foi de 5.525 m³ na semana, um crescimento de 118,8% em relação à semana anterior, com um preço médio de R$ 5.447/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (-1,2%).

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) solicitou à ANP a suspensão da mistura obrigatória de biodiesel por 90 dias, prazo necessário para que a agência implemente medidas de combate a fraudes, já que distribuidoras que não adicionam biodiesel têm vantagem competitiva de até 31 centavos por litro. A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) rechaçou a proposta, classificando-a como um ataque à soberania nacional e à transição energética, argumentando que a suspensão reduziria o esmagamento de soja, diminuiria a oferta de farelo, aumentaria os custos da pecuária e elevaria as importações de diesel, prejudicando a cadeia produtiva e os compromissos ambientais do Brasil.
Além disso, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom), Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e o Sindicato Nacional dos Transportadores Revendedores Retalhistas (SindTRR) assinaram uma nota conjunta cobrando o Governo Federal em relação à liberação da importação de biodiesel. As associações argumentam que a liberação das importações não prejudicaria a produção nacional e poderia aumentar a concorrência, reduzindo os preços para o consumidor final.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou novas regras para o RenovaBio, incluindo penalidades mais severas para distribuidoras que não cumprirem suas metas de Créditos de Descarbonização (CBIOs), além de proibir a compra de combustíveis por empresas inadimplentes. No entanto, há incertezas sobre a aplicação das novas punições, que entram em vigor no fim de março, especialmente em relação aos critérios para identificar distribuidoras inadimplentes. Em 2024, 61 distribuidoras não cumpriram suas metas, e o setor ainda precisa adquirir 41,8 milhões de CBIOs para 2025.
De acordo com a atualização mais recente nos preços semanais realizada pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores no período entre os dias 24 de fevereiro e 2 de março ficou em R$ 5.969, com uma leve redução de 0,3% em relação ao valor médio da semana anterior. São quatro semanas consecutivas em que os preços do biodiesel ficam abaixo do R$ 6.000. Apenas as regiões Norte e Sul tiveram variações positivas (2,0% e 0,1%) enquanto a região Nordeste teve a maior desvalorização (-1,0%). O mercado acumula no ano uma redução de 5,7%.