
Foto: Biopower / Divulgação
Por Gabriela Ruddy
A suspensão da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel teria impactos sobre o abastecimento nacional devido à necessidade de maior importação do combustível fóssil. O diesel vendido nos postos é acrescido 14% de biodiesel.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) pediu à ANP a suspensão, por 90 dias, da obrigatoriedade de adição do biocombustível, em meio à disparada nos casos de fraudes na mistura nos últimos meses.
As refinarias brasileiras não conseguem atender a toda a demanda interna, portanto, a redução na mistura significaria um aumento da entrada do diesel estrangeiro no país.
“Uma mudança repentina de mistura e a necessidade de maior volume de produto importado poderia causar problemas logísticos nos portos e levar a uma redução de disponibilidade imediata de produto no curto prazo, o que poderia limitar a redução do preço”, diz o gerente de desenvolvimento de negócios da Argus, Amance Boutin.
O potencial de redução nos preços ao consumidor gira em torno de 30 centavos por litro, estima a Leggio Consultoria. Entretanto, especialistas apontam que dificilmente o alívio aos preços dos combustíveis ocorreria de forma imediata e significativa para a população.
Além disso, os efeitos estariam na contramão dos esforços do governo, que tem comemorado a redução das importações, com o aumento do fator de utilização das refinarias da Petrobras.
Na mensagem ao Congresso para a abertura do ano legislativo, o presidente Lula destacou a redução nas importações como uma forma de reduzir “a vulnerabilidade do país nas oscilações de oferta de produtos em cenários de crise internacional”. O mercado tem alertado também para os impactos ambientais da eventual suspensão da mistura.
O resultado seria a retirada do mercado de 2,4 bilhões de litros do biocombustível, o que aumentaria as emissões de CO2 em 4,5 milhões de toneladas pelo maior consumo de diesel fóssil, calcula a produtora de biodiesel Binatural.
Fonte: Eixos