
Por Fernanda Pressinott
Antes mesmo da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a AGCO fez uma planejamento estratégico global para que, cada vez menos, o Ocidente dependesse do Oriente. Assim, os equipamentos agrícolas que a companhia produz na China hoje abastecem apenas o mercado interno chinês. Isso não significa que a chegada do republicano ao poder não preocupa o dirigente de uma das maiores fabricantes de máquinas agrícolas.
“A tensão entre China e Ocidente acontece há alguns anos. Decidimos estabelecer uma base de suprimentos sem depender dos chineses”, disse Eric Hansoti, o CEO da empresa, a jornalistas. “Tentamos estabelecer muitos cenários sobre o que pode acontecer com a [eventual imposição] de novas tarifas entre os países”. O executivo participou ontem da inauguração do novo centro de remanufatura de transmissões CVT e mecânicas em Jundiaí (SP) da AGCO Reman e de um centro de especialização técnica para concessionários e profissionais da empresa.
Em todos os cenários que a AGCO desenhou, o Brasil figura entre os mercados de maior potencial de crescimento em 2025, com aumento de vendas na faixa acima de 0% até 5%. Tanto é assim que a companhia projeta investir cerca de R$ 300 milhões no país neste ano, em expansão de fábricas e melhoria de equipamentos. Em 2024, os investimentos somaram R$ 350 milhões.
“No ano passado, tivemos queda no preço dos grãos e quebra de safra. Dessa vez, o país deve ter uma colheita recorde”, afirmou Hansotia. “Além disso, a alta do dólar também pode favorecer o produtor brasileiro que ganha mais em reais”.
Ele também lembrou que uma guerra de tarifas entre China e EUA pode ampliar as vendas brasileiras de grãos. Foi o que aconteceu no primeiro mandato de Trump, quando o volume dos embarques do Brasil à China cresceu 50%.
“Há três razões para investirmos no Brasil: o país ainda tem capacidade de expansão de terras [de cultivo], consegue até cinco safras por ano e tem uma curva muito grande de uso e interesse por agricultura de precisão”, afirmou Hansotia.
A AGCO encerrou o ano de 2024 com prejuízo líquido de US$ 424,8 milhões; somadas, as vendas de América do Norte e América do Sul (principalmente o Brasil) caíram 40%. A Europa é responsável por 50% do faturamento do grupo, a América do Norte, por 25%, e a do Sul, por 15%.
A jornalista viajou a convite da AGCO.
Fonte: Globo Rural