Por Luiz Henrique Mendes
A Yara conseguiu atravessar a derrocada dos preços dos fertilizantes preservando a estrutura de capital saudável, mas isso está longe de ser suficiente para a administração da gigante norueguesa. Em uma tentativa de recuperar o nível de rentabilidade histórico, a Yara deflagrou nesta sexta-feira uma ofensiva para reduzir os custos fixos e o patamar de investimentos.
Com isso, a gestão liderada pelo CEO Svein Tore Holsether espera trazer o retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) de volta para a casa dos 10%. Na safra 2022-2023, a companhia norueguesa entregou um ROIC de 5,6%.
A meta da Yara é economizar cerca de US$ 300 milhões por ano, o equivalente a 15% do Ebitda anual. O plano deve levar um ano e meio para ser concluído e está dividido em duas frentes, sendo US$ 150 milhões em corte de custos fixos e um montante semelhante em redução do capex.
“Ainda que a Yara tenha superado com sucesso a volatilidade recente, a base de custos também cresceu, contribuindo para que os retornos recentes ficassem abaixo de níveis satisfatórios”, reconheceu a companhia, em um relatório a investidores.
A recomposição das margens vai se dar reduzindo o peso de atividades que tenham retornos mais baixos, o que pode incluir a venda de ativos considerados non-core. “Os ativos-chave de alto retornos serão priorizados”, justificou a companhia. Por alto retorno, a Yara considera os investimentos que tenham um ROIC superior a 10%.
Oferta e demanda
As medidas de redução de custos não serão as únicas a ajudar a Yara a melhorar os resultados financeiros. A gigante norueguesa também conta com o vento a favor do mercado, especialmente nos fertilizantes nitrogenados, que terão uma oferta mais apertada.
No longo prazo, a companhia também trabalha com expectativa de oferta mais ajustada à demanda nos principais macronutrientes. Depois dos problemas da safra 2023/24, que combinou o excedente de oferta de fertilizantes à compressão de margens dos agricultores, o cenário parece mais benigno para os próximos anos.
Enquanto espera uma melhora gradual do mercado, a Yara já começou a colher resultados melhores. No balanço do segundo trimestre, divulgado na manhã desta sexta-feira, a Yara reportou um Ebitda de US$ 513 milhões, mais que o dobro na comparação com o mesmo intervalo do ano passado.
O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) segue em níveis saudáveis — 1,87 vezes —, embora ligeiramente acima dos 1,37 vezes registrados pela companhia no ano anterior.
Nos resultados mais recentes, a Yara mostrou que as enchentes no Rio Grande do Sul afetaram as entregas de fertilizantes, que recuaram 1% na comparação anual. “A disrupção provocada pelas enchentes no Brasil anulou as entregas maiores na América Latina e do Norte”, justificou a companhia.
Em 2023, a Yara faturou quase R$ 18 bilhões no Brasil. Listada na bolsa de OPslo, a Yara está avaliada cerca de US$ 7 bilhões (76 bilhões de coroas norueguesas). No acumulado deste ano, as ações da companhia caem 16%.
Fonte: The AgriBiz