Por Pasquale Augusto
O CEO da Tereos no Brasil, Pierre Santoul, chamou atenção para o crescimento acelerado do etanol de milho no país nos últimos sete anos, em conversa com o Agro Times, após uma roda de conversa com jornalistas promovida pela empresa.
“Ele é necessário (etanol de milho), porque a cana-de-açúcar sozinha não consegue atender o mercado do etanol. Eles não são competidores, e sim fazem parte desse ecossistema do biocombustível. A cana pode crescer em produtividade, mas não em áreas, então precisamos do etanol de milho. Muitas empresas, assim como a Tereos, estudam investimentos neste segmento, mas não temos nenhum anúncio concreto hoje”, explica.
Quanto ao combustível sustentável de aviação (SAF), Santoul ainda enxerga um mercado em construção, que ainda carece de evolução em termos de legislação. “A Europa, diferente de Japão e Estados Unidos, está abrindo apenas a possibilidade de produzir o SAF apenas a partir do etanol de segunda geração (E2G). Somos a principal produtora de E2G na Europa, vemos esse mercado com grande potencial, e estamos pressionando bastante para legislação permitir a produção a partir do E1G também, se não esse mercado não vai pegar”, analisa.
Sobre o PL do “Combustível do Futuro”, o diretor-presidente disse enxergar a construção de um ambiente legislativo bem favorável, junto de projetos como o RenovaBio e mobilidade de baixo carbono
“O Combustível do Futuro vai permitir potencialmente uma integração, uma incorporação do etanol dentro da gasolina, algo bom para o mercado, além de mandatos para o SAF e biometano. O desafio fica para aplicação da lei, que é sempre algo difícil no Brasil”.
Segundo ele, 1,7 milhão de toneladas de cana-de-açúcar da empresa foram perdidas pelos incêndios e queimadas que atingiram às áreas produtivas de SP, com prejuízo estimado de R$ 100 milhões para Tereos.
Posicionamento da Tereos sobre os incêndios
A despeito de ter tido parte de seu canavial afetado por conta das recentes queimadas que assolaram o estado de São Paulo, a Tereos ressalta que, em termos de volume de moagem, não há projeção de quebra por ora.
A previsão se mantém próxima ao registrado na última safra (2023/ 24), de 21,1 milhões de toneladas de cana processada. Sobre o impacto financeiro de R$ 100 milhões decorrente das queimadas, a empresa esclarece que o valor estimado reflete o efeito caixa, o que significa resultado mais investimento, de forma diluída nessa safra e na próxima.
A companhia reforça o seu compromisso com o meio ambiente e promove ações educacionais de conscientização dos colaboradores, comunidade e escolas públicas da região. Além disso, é pioneira no Brasil no monitoramento dos canaviais via satélite. O sistema, que contempla 100% das áreas próprias, de fornecedores e de parceiros da Tereos, conta com 13 satélites meteorológicos operados por agências governamentais com envios automáticos de alertas à empresa.
Para realizar os combates, a empresa possui veículos de acesso rápido – camionetes leves equipadas com todo o aparato necessário para controlar focos de incêndios iniciais, incluindo kit espuma. O trabalho de monitoramento e combate tem sido diário e acontece de maneira integrada entre todas as unidades da Tereos, com cooperação de outras usinas da região e órgãos públicos.
Fonte: MoneyTimes