Setor automotivo “perde fôlego”: produção cai após recuo de vendas e exportações

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A indústria automotiva brasileira registrou queda nas vendas, nas exportações e na produção em novembro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O setor, que vinha apostando em uma recuperação no segundo semestre, enfrenta agora um movimento consistente de desaceleração.

Mesmo com a maior média diária de vendas do ano, 12,6 mil veículos por dia, o desempenho ficou abaixo do registrado em 2024 pelo quarto mês consecutivo. No total, foram emplacadas 238,6 mil unidades em novembro, queda de 8,5% em relação a outubro e de 5,9% frente ao mesmo mês do ano passado.

No acumulado de janeiro a novembro, o mercado soma 2,41 milhões de veículos vendidos, alta tímida de 1,4% sobre 2024. O avanço, porém, é sustentado quase exclusivamente pelos importados: enquanto esses modelos cresceram, os veículos nacionais tiveram aumento de apenas 0,1% no período. Em novembro, até os importados acompanharam a baixa e caíram 10%, contribuindo para a elevação dos estoques, que saltaram de 130 para 153 dias.

A retração também atingiu o setor externo. Apenas 35,7 mil veículos foram exportados no mês, o segundo pior resultado do ano, puxado pela queda das vendas para a Argentina. Ainda assim, graças ao bom desempenho do primeiro semestre, os embarques para o país vizinho acumulam alta de 37,9% em 2025.

Com o mercado interno mais lento e as exportações fracas, a produção caiu. As montadoras fabricaram 219 mil unidades em novembro, recuo de 11,6% ante outubro, que teve quatro dias úteis a mais. Na comparação direta com novembro de 2024, quando houve o mesmo número de dias, a queda foi de 8,2%.

O presidente da Anfavea, Igor Calvet, admitiu que o ritmo preocupa.
“Ainda estamos com uma produção acumulada 4,1% mais alta do que nos primeiros onze meses de 2024, mas esse crescimento está muito abaixo do que havíamos projetado para 2025, o que vem nos colocando em estado de alerta nos últimos meses”, afirmou.

Ele disse esperar uma recuperação em dezembro. “Esperamos que o mês traga um alento às vendas de automóveis e comerciais leves, após o sucesso estrondoso do Salão do Automóvel. Já o segmento de pesados, o mais impactado pelos juros elevados, precisa de um olhar mais atento para que retorne a patamares normais e o setor possa garantir a manutenção de empregos”.

Fonte: Diário do Vale