
Por Fernanda Pressinott
A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, anunciou nesta segunda-feira (12/05) a venda da usina de cana-de-açúcar Leme, por R$ 425 milhões. Os compradores foram a Ferrari Agroindústria S.A e a Agromen Sementes Agrícolas. A decisão de venda já havia sido anunciada ao Valor em dezembro do ano passado, junto com um pacote de desinvestimento de R$ 1 bilhão.
A usina Leme está localizada no polo de Piracicaba (SP) e possui uma capacidade instalada de 1,8 milhão de toneladas por safra. Além do ativo industrial, a operação envolverá a cessão de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de cana-de-açúcar.
Segundo comunicado, a operação está alinhada com a estratégia da companhia de reciclagem do portfólio de ativos, redução do endividamento e captura de eficiência agroindustrial. A conclusão da Operação está sujeita à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Avaliação
O Citi considerou positiva a venda da usina. Entretanto, o banco avaliou que o valor acordado, de R$ 425 milhões, “dificilmente trará um alívio significativo na alavancagem atual da companhia”.
Além disso, o múltiplo da transação está abaixo das negociações do setor: a Zilor adquiriu uma usina por R$ 350 a R$ 400 a tonelada (US$ 60 a US$ 90 a tonelada) e a Bunge adquiriu usinas da BP por US$ 72 a tonelada. “Acreditamos que o múltiplo mais baixo para o ativo da Raízen pode ser explicado pelo fato de não haver venda de terras nesta transação e também pelas diferenças nos rendimentos de produção da unidade”, escreveu o banco em relatório a clientes.
Pelo acordo, a usina Leme, que fica em Piracicaba (SP), está sendo vendida para um grupo formado pela Ferrari Agroindústria e a Agromen Sementes Agrícolas, ao preço de US$ 41,7 a tonelada ao câmbio de hoje, levando em consideração que a capacidade instalada da usina é de 1,8 milhão de toneladas. O Citi ainda escreveu que a Raízen poderia vender outras quatro usinas em Piracicaba porque a região opera com produtividade abaixo da média.
“Em nossa visão, a Raízen pode encerrar a safra 2024/25 com uma dívida líquida de aproximadamente R$ 30 bilhões (implicando em uma alavancagem de 2,4x). Continuamos acreditando que uma alienação de ativos essencial para atingir uma desalavancagem substancial poderia ser a venda do Negócio de Mobilidade na Argentina, o que poderia render cerca de US$ 1,5 bilhão (assumindo 4x EV/EBITDA em linha com transações anteriores do setor)”, concluiu o banco.
Segundo reportagem do Valor, a Raízen busca vender ativos da divisão Power – que não estratégicos – em busca de reduzir o endividamente. Nesse pacote, estão usinas de pequeno porte nas fontes solar, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biogás.
Fonte: Globo Rural