Por Tatiana Freitas
Em um ano difícil para o mercado de insumos agrícolas, uma empresa aparece na contramão: a Rainbow, maior exportadora de defensivos da China, espera crescer 50% no Brasil neste ano, considerando apenas as vendas aos clientes finais. A base de comparação ajuda os números, já que a estreia da companhia nas prateleiras é recente. Mas os superlativos chineses se aplicam neste caso.
“Temos buscado um faturamento de US$ 375 milhões este ano no mercado B2C”, disse Luiz Marcandalli, gerente de marketing da Rainbow, ao The AgriBiz. Se confirmado, o número vai representar um crescimento entre 50% e 60% em comparação com o ano passado, segundo ele.
Enquanto as gigantes do setor ainda lutam para se recuperar da crise que atingiu a cadeia de insumos, o que explica o momento da gigante chinesa? Nem tudo é preço, garante Marcandalli. “A Rainbow não é a empresa mais barata de todas. Temos condições mais competitivas em alguns produtos, mas ter um portfólio completo e robusto fez com que a Rainbow ganhasse mercado”, afirma.
Presente no Brasil desde 2013 fornecendo defensivos para grandes indústrias, que depois vendem os produtos da Rainbow com marca própria, a empresa chinesa decidiu atuar também no mercado B2C há cerca de dois anos. Aumentou a equipe, montou uma estrutura própria em Porto Alegre (RS) e acelerou o ritmo de aprovações de produtos para vendas no Brasil.
“Acho que o time da Rainbow é o que mais registra produtos no Brasil. Se não for o primeiro, somos o segundo. Crescemos muito o nosso portfólio nos últimos anos, principalmente na área de herbicidas”, disse.
Só em herbicidas, a empresa tem cerca de 40 produtos aprovados. Considerando inseticidas e fungicidas, que receberam aprovações mais recentemente, a Rainbow tem de 60 a 70 produtos no portfólio, disse Marcandalli. O objetivo da empresa, até 2029, é ter mais 40 a 50 defensivos registrados.
Apesar do forte crescimento, a Rainbow ainda tem uma participação de apenas 2% no mercado brasileiro de defensivos, dominado por empresas centenárias. “Com o pipeline de produtos, temos chance de alcançar entre 6% e 7% de market share”, disse.
A estratégia de comercialização da companhia está focada nos canais de distribuição (revendas e cooperativas), que respondem por 70% das vendas no mercado B2C. A empresa está, inclusive, na lista dos dos maiores credores da Agrogalaxy com R$ 117 milhões a receber. “Existe uma negociação, até para ajudar a empresa a se recuperar, e pensando no mercado daqui para frente”, disse.
A Rainbow planeja iniciar vendas diretas aos produtores em algumas regiões e continuar investindo no relacionamento com cooperativas. Para o próximo ano, o tom também é de otimismo. O aumento na área plantada de soja na safra 2024-2025 pode resultar em um crescimento na demanda por fungicidas e inseticidas, na avaliação do executivo.
A oferta de crédito, no entanto, tem sido um fator limitante para que o mercado engrene de vez uma recuperação, disse. “O produtor tem comprado de forma mais escalonada do que o normal, mas as vendas estão acontecendo”, disse.
No ano passado, a Rainbow faturou US$ 1,6 bilhão globalmente, uma queda de 20% em relação a 2023. O Brasil tem uma participação de 30% a 35% nas vendas totais da companhia, que está presente em cerca de 90 países.
Segundo Marcandalli, a expectativa é de que a fatia do Brasil no bolo total se mantenha praticamente estável nos próximos anos, pois a empresa chinesa também tem planos ambiciosos para crescer em outros mercados, como os Estados Unidos.
Listada na Bolsa de Shenzhen, a Rainbow está avaliada em US$ 1,9 bilhão. Neste ano, suas ações se desvalorizaram mais de 25%.
Fonte: The AgriBiz