Precatórios e açúcar fazem lucro da Zilor crescer 80%

Fabiano Zillo: Vamos ampliar a eficiência da Biorigin, numa área onde a concorrência
se posiciona mais fortemente — Foto: Claudio Belli/Valor

Por Camila Souza Ramos

Maior sócia da Copersucar , com 12% de seu capital, a Zilor encerrou a safra 2023/24 com um lucro líquido 80,2% maior do que na temporada anterior, de R$ 632,3 milhões. A companhia contou com um reforço da entrada antecipada do terceiro precatório da ação da Copersucar contra o antigo IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), o que contribuiu para reforçar o caixa em mais de R$ 200 milhões líquidos de impostos e honorários.

Em linha com a indústria sucroalcoleira do Centro-Sul, a Zilor teve um recorde de moagem e uma produção mais açucareira, o que a ajudou a explorar melhor os preços elevados do açúcar. Com 11,4 milhões de toneladas de cana moídos em suas três usinas, 8,3% mais do que na safra anterior, a companhia elevou sua produção de açúcar em 6,8%, a 741,9 mil toneladas, com um mix menos alcooleiro do que na safra anterior, de 53,7%.

Fabiano Zillo, CEO da companhia, destaca que a Zilor investiu nos últimos cinco anos em manutenção, de forma que a moagem da última safra, embora recorde, não se alongou por dezembro. Isso garante que os canaviais cheguem à maturidade ideal para a colheita durante esta safra.

Houve uma contribuição maior no resultado das operações de cogeração de energia — a companhia concluiu antes do início da safra passada a ampliação da planta de cogeração na Usina São José, que permitiu que o grupo entregasse 23% mais energia do que no ciclo anterior, ou 557,6 gigawatts-hora (GWh). Em abril deste ano, a Zilor concluiu a entrega de sua segunda expansão em cogeração na Usina Barra Grande. Os dois investimentos somaram R$ 600 milhões e aumentarão a exportação de energia ao sistema em 60%.

Esses desempenhos operacionais impulsionaram um aumento de 2,4% na receita líquida, que alcançou R$ 3,5 bilhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado aumentou 7,5%, para R$ 1 bilhão — a margem Ebitda subiu 1,5 ponto percentual, a 29,6%.

Por outro lado, a companhia enfrentou desafios com seu negócio de biotecnologia, a Biorigin, e decidiu fechar sua fábrica nos EUA. Segundo Fabiano Zillo, CEO da Zilor, o negócio nos EUA, que era baseado em produtos biológicos, enfrentava desafios crescentes desde o início da pandemia relacionados à instabilidade dos custos de insumos e à logística. As vendas da Biorigin caíram 11,1%, a R$ 604,6 milhões, puxadas pela acomodação dos preços e menos volume.

Para compensar o encerramento da produção nos EUA e continuar abastecendo os clientes locais, a Zilor iniciou um investimento de R$ 70 milhões na fábrica da Biorigin em Quatá (SP), de leveduras, para aumentar a eficiência, o que deve aumentar a capacidade.

Mesmo com a conclusão de aportes expressivos, a companhia encerrou a safra com uma dívida líquida 45,7% menor do que na safra anterior, em R$ 1 bilhão, o que diminuiu a alavancagem de 1,94 vez para 0,98 vez. Em 2019, chegara a registrar uma alavancagem de 5 vezes.

Com o equacionamento da dívida, a empresa já realizou duas captações no mercado através de debêntures neste ano de R$ 300 milhões cada, e já analisa novas opções de investimento, como biogás, diz Zillo. Também estão na mira oportunidades para aumentar a capacidade de direcionar mais cana para a produção de açúcar. Além disso, a Zilor segue atenta a “oportunidades de consolidação”, afirma o presidente.

Fonte: Globo Rural