Por Rômulo Montenegro*
Confesso que estou curioso para saber porque o Poder Executivo Estadual, diga-se o Governador do Estado, enviou projeto para a Assembleia Legislativa da Paraíba garantindo a isenção de IPVA para os veículos elétricos e não teve a mesma iniciativa para os movidos a etanol!
É vergonhosa qualquer comparação que se venha fazer entre as duas matrizes energéticas, pois, enquanto a energia elétrica produzida no Brasil é predominantemente gerada pelas hidroelétricas, portanto, do uso das águas dos Rios gerando desastres humanos incontáveis neste País continental, o etanol é produzido da cana de açúcar de forma renovável utilizando-se de técnicas ultra modernas que asseguram uma perfeita sintonia entre meio ambiente e produção!
No Nordeste é ainda mais flagrante a diferença no quesito sustentabilidade entre a produção de energia elétrica e a produção de etanol, porque a fonte primária da energia elétrica na região é do represamento de águas do nosso único rio transfronteiriço, o Rio São Francisco, que deveria está servindo para atender no combate as desigualdades sociais, gerando emprego na agricultura, matando a sede da maioria da população do semiárido e está servindo para gerar energia com o represamento destas águas, para enfrentar a engrenagem das enormes turbinas dos complexos de usinas que compõem, Paulo Afonso;
Aliás, numa região semiárida utiliza-se de uma fonte escassa, a água, para produzir energia elétrica é no mínimo insensibilidade e desumanidade, porque grande parte da população local do Nordeste padece por falta dela, a água que está sendo utilizada para produzir energia!
Enquanto, que o etanol como fonte de energia não somente para colocar em funcionamento os veículos automotores, mas, também as casas e estabelecimentos comerciais e industriais a partir das sua primeira geração e da segunda geração, já amplamente produzidas nas unidades fabris da região;
Atualmente o etanol, a energia elétrica, o fertilizante orgânico para plantas, são produzidos a partir da cana de açúcar, uma cultura agrícola que avançou no tempo com tecnologias muito modernas que lhe permitem sobreviver eficazmente na região semiárida com média de produtividade compatível com outras regiões do país, e o melhor, tendo sua renovação a cada ano baseada em fontes nutricionais fornecidas pela própria natureza, numa verdadeira da cadeia de sustentabilidade!
Então, esse tratamento benéfico concedido aos veículos elétricos e não aos veículos movidos a etanol, não encontra sustentação naquilo que se defende enquanto metas do futuro para humanidade, a preservação ambiental a partir de fontes renováveis e sustentáveis!
Da mesma forma, se fizermos o cotejo entre os empregos e renda que a energia elétrica gera na Paraíba atualmente, e o que o etanol gera de postos de trabalho, a vitória deste é por WxO, porque a produção local de etanol gera algo próximo de 150.000 empregos diretos e indiretos na Paraíba e colocam a economia de mais de 40 municípios paraibanos para se movimentar com a renda gerada pela atividade, desde a porteira até os tanques de combustíveis dos veículos!
Essa estória de que os incentivos fiscais para produção de veículos elétricos se justificam para fortalecer a produção de energia solar é conversa para “boi dormir”, afinal ainda é muitíssimo distante a diferença entre a oferta e a demanda para este modelo de produção, é deficitária a produção local de energia solar, e o pior, os estudos demonstram o forte impacto ambiental causado com a terraplanagem e a destruição das vegetações nativas e o sombreamento causado pelas placas nas áreas onde são instaladas as usinas solares, a produção de placas e os seus descartes, por causa de sua composição a base de silício, o que no seu conjunto de produção, são fortes contribuidores para afetação da camada de ozônio!
Enquanto, que a produção de energia a partir da cana de açúcar e do milho vem expandindo opções de uso desde os veículos com tecnologia de ponta produzidos no Brasil, inclusive, no Nordeste com reflexo na Paraíba através da Stellantis, produzindo os veículos bicombustiveis e, agora, os híbridos de etanol, gerando empregos e renda na região e, principalmente, em João Pessoa e nas mais de 10 cidades da fronteira paraibana!
Então, se é para dar um tratamento tributário benéfico para veículos que o façam com coerência e proporcionalidade, levando em conta aquilo que possa contribuir com a realidade do estado da Paraíba, com as oportunidades de emprego que possam garantir, como menor dano ao meio ambiente, de fato com o retorno que possa assegurar aos paraibanos, jamais embalados por uma receita pronta e encomenda, vinda de cima para baixo, totalmente destoante das necessidades do nosso povo e da nossa gente!
Esperamos, portanto, que o Governo do Estado da Paraíba reveja esse projeto de lei de sua autoria que garantiu benefícios aos carros elétricos em detrimento do ecossistema de produção do etanol paraibano, o qual, inclusive, tem colocado a Paraíba no pódio da produção da região, assumindo o segundo lugar na produção nordestina!
*Colunista do Blog do Tião Lucena.
Fonte: UDOP