
DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL 01 a 05/12/2025
O plantio de soja no Brasil atingiu 86% do total projetado para a safra 2025-2026, mas alguns estados enfrentam preocupações significativas com atrasos, destacando-se Tocantins (TO) com 83%, Maranhão (MA) com 27% e Piauí (PI) com 56%. Os três estados já perderam a janela ideal, com relatos crescentes de replantio também em áreas de Mato Grosso (MT), Goiás (GO) e outras regiões expostas ao calor e irregularidade das chuvas.
No Centro-Oeste, o MT praticamente encerrou a semeadura com lavouras entre boas e muito boas apesar de pontos de replantio, MS está com 96% plantado mas com apreensão devido a veranicos curtos, e GO ainda sofre com regiões sem umidade suficiente para conclusão do plantio. No Sul e Sudeste, as condições estão satisfatórias mas o aumento do intervalo sem chuvas já causa temor de perdas no potencial produtivo, especialmente no Rio Grande do Sul e Paraguai onde lavouras estão com mais de 15 dias sem precipitação, elevando riscos de estresse hídrico e térmico.
O óleo de palma encerrou a semana em US$ 1.011,0/t (contrato de fevereiro), com valorização de 1,5% semanal, impulsionado por notícias de cancelamento de compras indianas de óleo de soja de aproximadamente 70 mil toneladas, devido ao aumento dos preços globais e desvalorização recorde da rúpia indiana, sinalizando possível recuperação da demanda por palma. As estimativas para novembro na Malásia projetam produção de 1,98 milhão de toneladas – queda de 3% mensal mas recorde para novembro. As exportações atingiram 1,4 milhão de toneladas, redução de 14,9%, e os estoques chegaram aos 2,7 milhões de toneladas, alta de 7,8% e o nono mês consecutivo de alta. No longo prazo, o fundamento permanece baixista.
Como fatores de suporte, a Associação dos Protutores de Óleo de Palma da Península Sul da Malásia (SPPOMA) projetou queda de 0,2% na produção malaia em novembro, contrariando prévias de alta. A desvalorização mensal do ringgit de 1,3% e de 7,6% no ano torna o óleo de palma mais barato para compradores internacionais, e estimativas indianas indicam importações de 630 mil toneladas em novembro, alta no mês de 4,6% devido aos menores preços relativos versus soja e girassol.
O secretário do Tesouro Americano Scott Bessent estendeu o prazo para cumprimento do suposto acordo de compra chinesa de 12 milhões de toneladas de soja americana de janeiro para final de fevereiro, seguindo o calendário chinês, mas não houve confirmação oficial de Pequim nem novos relatos de compras desde o dia 1º de dezembro, gerando preocupações pois a partir de fevereiro a safra recorde brasileira começa a ganhar tração no mercado internacional. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) permanece em silêncio sobre as pendências do setor de biocombustíveis (isenções SRE, RVOs, crédito 45Z), sem novas declarações desde rumores de semanas atrás sobre adiamento de medida que limitaria a geração de RINs com insumos importados em 50%.
Como reflexo das incertezas domésticas americanas com biocombustíveis, os dados do USDA mostraram aceleração nas exportações de óleo de soja, totalizando 892 mil toneladas no acumulado até setembro, volume 242,6% maior versus o mesmo período de 2024, evidenciando mudança de foco do setor diante da guerra comercial com a China e indefinições da EPA que prejudicaram exportações de soja e consumo doméstico de óleo. Nos portos, os preços FOB da soja americana e brasileira (antes do frete) estão em nível de igualdade, melhorando competitividade dos EUA que já venderam mais de 2 milhões de toneladas para a China mesmo com prêmios anteriormente elevados, com o mercado aguardando o relatório WASDE do USDA na próxima terça-feira (09/12) para novos fundamentos.
O contrato de janeiro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 51,69 cents/libra na sexta-feira (05/12), apresentando desvalorização de 0,69% na semana. O prêmio de janeiro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá perdeu 30 pontos, fechando a semana em -0,60 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.126,34/ton, desvalorização de 1,28% em relação à semana anterior.

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot apresentou uma melhoria na liquidez em relação à semana anterior, com um volume apurado de 3.710 m³ na semana. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.881/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com uma leve valorização de 2,5% em relação à semana anterior.

Segundo o levantamento realizado entre 24/11 e 30/11 pela ANP, o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores na última semana do mês ficou em R$ 6.046,81, valorização de 3,16% em relação ao valor médio da semana anterior. As regiões Sudeste e Norte apresentaram as maiores valorizações com 4,48% e 3,09%, respectivamente. O mercado acumula uma redução de 4,47% no ano.
