Por Isadora Camargo
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai conceder um empréstimo de R$ 500 milhões à Coamo Agroindustrial para a cooperativa investir em uma usina de etanol de milho em Campo Mourão (PR). Os recursos sairão do Fundo Clima.
Esse é o quarto projeto do agronegócio a receber, neste ano, verba do Fundo Clima, programa vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e que o BNDES administra. Somados, esses quatro projetos do agro vão receber R$ 1,12 bilhão do fundo.
O valor total do projeto da Coamo é de R$ 1,7 bilhão. A planta vai produzir 765 mil litros de etanol de milho por dia e terá capacidade de processamento diário de 1,7 mil toneladas do cereal. A cooperativa prevê, além disso, produzir 510 toneladas de farelo para nutrição animal — grãos secos de destilaria com solúveis ou DDGS — e 34 toneladas de óleo de milho, dois coprodutos provenientes da etapa de fermentação.
A nova unidade ficará no parque industrial da Coamo, às margens da BR-487. A cooperativa ainda não tem um processo completo de industrialização do cereal, mas o consumo de milho cresceu a partir da entrada em operação da nova indústria de rações, que utiliza 2% do volume do grão que ela recebe dos mais de 31 mil associados da Coamo.
Com a produção de etanol de milho, a cooperativa espera elevar essa fatia para 20%. A unidade vai ter ainda com uma usina termelétrica, com capacidade para produzir 30 MW de energia elétrica, suficiente para abastecer todo o parque industrial de Campo Mourão.
Atualmente, a Coamo tem nove plantas industriais, que atuam em diferentes cadeias, entre elas torrefação de café, moagem de trigo e produção de gorduras vegetais. “Projetos com esse perfil, financiados pelo Fundo Clima, agregam valor aos produtos, como o milho, com a produção de etanol e de insumos para o setor de proteína animal. Além disso, o etanol reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa”, disse, em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Em comunicado, o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari, afirmou que o apoio do BNDES ao projeto está atrelado à política de sustentabilidade que a cooperativa adota. “Essa indústria é totalmente sustentável, uma vez que ela produzirá um biocombustível a partir de uma matéria-prima renovável”, reforçou.
José Luís Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, acrescentou que “o objetivo do Fundo Clima é fomentar a transição energética por meio da adoção de fontes renováveis. O etanol cumpre papel fundamental para descarbonização do setor de transportes, em linha com as diretrizes da Nova Indústria Brasil”.
A Coamo usará parte do empréstimo para substituir a caldeira à lenha da indústria de óleo por um modelo mais moderno, que utiliza resíduos agroindustriais para gerar calor. Os recursos também servirão para aumentar sua capacidade de estocagem de resíduos de cereais.
Desde janeiro deste ano, o BNDES aprovou, ao todo, R$ 3,9 bilhões em crédito para o segmento de biocombustíveis, incluindo agroindústrias e indústrias de outros setores econômicos. Esse é o segundo maior desembolso do banco desde 2005. O recorde ocorreu em 2010, quando os empréstimos somaram R$ 4,5 bilhões.
Fonte: Globo Rural