Mudanças na lei antidesmatamento afetam preços da soja em Chicago

Lei antidesmatamento e guerra no Oriente Médio são pontos de atenção
Foto: Globo Rural

Por Paulo Santos

Os preços da soja caíram de forma tímida na bolsa de Chicago no pregão desta quarta-feira (2/10). Os papéis com entrega para novembro fecharam a sessão praticamente estáveis, com leve recuo de 0,12%, e cotados a US$ 10,56 o bushel.

Na mínima no dia, no entanto, a soja foi negociada a US$ 10,42 o bushel, pressionada pela chance de adiamento da lei antidesmatamento da União Europeia, como avaliou Rodrigo Lamberti, especialista em gestão de riscos para grãos da Hedgepoint Global Markets.

“Dentro da proposta inicial da lei, o Brasil poderia ter um grande impacto das exportações de soja em grão e farelo, que tem a União Europeia como grande importador. Com a legislação passando a vigorar em 2025, provavelmente a demanda por esses produtos sairia daqui e seria atendida pelos EUA. Mas a proposta de adiamento agora reverte esse raciocínio”, justifica Lamberti.

Em meio a possível mudança no cronograma da lei europeia, o farelo registrou queda de 2,51% em Chicago, o que beneficiou os preços mais baixos da soja.

Em contraponto a esse movimento de queda, o analista diz que os conflitos no Oriente Médio são usados para trazer volatilidade às cotações, que podem subir acompanhando a valorização do petróleo. O barril do Brent fechou em alta de 0,46%.

“O óleo de soja subiu muito no início da sessão, olhando para os desdobramentos do conflito no Oriente Médio, que pode prejudicar toda parte de logística e produção de petróleo. Como os óleos vegetais são concorrentes do fóssil, eles ficam expostos a novas altas”. Em Chicago, a elevação do óleo de soja chegou a 2% hoje.

Trigo

O trigo seguiu negociado com preços mais altos na bolsa, já que persistem os problemas de oferta em importantes regiões produtoras. Os lotes do cereal para dezembro subiram 2,71%, para US$ 6,1525 o bushel, maior valor em quatro meses.

A consultoria Granar ressalta que os problemas de seca seguem prejudicando a semeadura de trigo de inverno na Rússia, o maior exportador mundial de trigo.

Com a chance de redução na disponibilidade, a consultoria russa SovEcon reduziu sua estimativa de exportação no país, de 48,10 milhões para 47,60 milhões de toneladas.

Ainda segundo a Granar, as tensões no Oriente Médio são outro fator de impulso para o trigo, por ser uma região de alta demanda pelo produto.

“Se persistirem estas ações bélicas, os países da região poderão reforçar as suas reservas e poderão ir ao mercado em busca de mais trigo”, diz a Granar, em relatório.

Em meio a esse quadro de receio com a oferta, a guerra no leste europeu também intensifica o movimento de valorização do cereal. Segundo informações da consultoria Royal Rural, um ataque de drones russo atingiu o porto de Odessa, no sul da Ucrânia.

“Sendo a Ucrânia um dos exportadores de trigo e milho, os ataques a essas infraestruturas aumentam ainda mais as incertezas sobre a oferta global de grãos, elevando os preços das commodities no mercado internacional”, pontua a empresa, em nota.

Milho

Por mais uma sessão, o milho avançou na bolsa de Chicago. Os contratos para dezembro terminaram o dia cotados a US$ 4,3250 o bushel, ou alta de 0,82%.

O conflito no Oriente Médio tem dado sustentação para os valores do petróleo no mercado internacional. Quando o fóssil fica mais caro, a gasolina nos EUA tende a se valorizar, aumentando assim a competitividade do etanol no país, que é feito principalmente de milho.

A demanda por etanol, aliás, cresceu na semana passada, e também favoreceu o fechamento hoje. A Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) disse que a produção diária no país chegou a 1,015 milhão de barris por dia, acima das 994 mil da semana anterior.

Fonte: Globo Rural