Mais espaço para discutir biocombustíveis no G20

Laís Garcia: “Para criar um mercado global é necessário ter regras comuns”
— Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

De olho em uma possível expansão de mercado no contexto da Aliança Global de Biocombustíveis, o Brasil oportuniza a presidência do G20 para ampliar a agenda sobre o tema, no eixo da transição energética, entre Brasil, Índia e EUA, que integram o grupo. As informações são do jornal Valor Econômico desta segunda-feira (26/02).

“O G20 pode ser a oportunidade de resolvermos várias questões que são levantadas sobre biocombustíveis, nos âmbitos técnico e científico. É um ano em que o Brasil também se prepara para a COP 30, agenda do ano que vem, no Pará, e que eu espero que seja histórica”, declarou André Corrêa do Lago, secretário de clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores.

A declaração foi feita durante seminário organizado pela prefeitura do Rio, em parceria com o Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, na última sexta-feira, 23/2. Demais autoridades, pesquisadores, representantes da Petrobras e do BNDES também estiveram no evento que discutiu oportunidades e desafios do setor.

Laís Garcia, chefe da divisão de energias renováveis do Ministério das Relações Exteriores, entende que para criar um mercado global, é necessário ter regras comuns entre os 19 países e 15 organizações internacionais que fazem parte do grupo. “Precisamos entender como vamos avaliar a intensidade de carbono desses combustíveis”, disse. Garcia entende que a participação da indústria seja fundamental no processo e que a iniciativa pode ser uma oportunidade para discutir critérios de sustentabilidade dos produtos. A executiva destacou que as metas de descarbonização estabelecidas para os setores marítimo e de aviação vão gerar demanda para os biocombustíveis nas próximas décadas, e que o mercado precisa estar posicionado para isso.

Para o diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, as metas de redução de uso de combustíveis fósseis aplicadas às frotas de navios e aviões criam uma demanda para uma oferta que ainda não está disponível. O plano estratégico da companhia prevê US$ 1,5 bilhão em negócios de biorrefino até 2028, ou seja, um grande mercado. Tolmasquim mencionou que as duas plantas da Petrobras dedicadas à produção de bioquerosene de aviação (BioQAV), em Cubatão (SP), e no GasLub (RJ) terão capacidade para produzir, juntas, 34 mil barris por dia. Nos cálculos do executivo, o volume representa 30% do QAV consumido no Brasil.

Na presidência do G20, um dos entraves identificados para esse mercado é a questão de financiamentos para projetos de transição energética nos países em desenvolvimento. O Brasil pretende pautar a disponibilidade de recursos e mudanças em organismos financeiros internacionais, como FMI e Banco Mundial, para esta finalidade.

Fonte: Valor Econômico