
Por Gabriela Ruddy
A exclusão de petróleo e combustíveis das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros foi recebida com alívio no mercado.
- Na quarta-feira (30/7), a Casa Branca divulgou a ordem executiva que confirmou a tarifa e a lista de isenções, que deixou quase 700 produtos de fora das taxas.
- Por mais que especialistas do setor viessem indicando que o petróleo brasileiro conseguiria outros destinos caso fosse taxado pelos EUA, havia receio sobretudo em relação a eventuais retaliações nesse segmento por parte do Brasil — que, por sua vez, poderiam afetar as importações do diesel produzido nas refinarias norte-americanas e encarecer o produto para o consumidor brasileiro.
- As isenções, entretanto, não incluem alguns produtos da agroindústria, como biocombustíveis. Trump acaba prejudicando, assim, São Paulo e demais estados exportadores de commodities agrícolas.
Para o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a decisão foi “um reconhecimento da especificidade do mercado de petróleo e seus derivados e da sua importância estratégica no comércio bilateral”.
- A entidade lembrou que há um fluxo relevante não apenas de exportações de petróleo brasileiro, que somaram US$ 2,37 bilhões no primeiro semestre de 2025, mas também de importações de derivados essenciais para o mercado nacional.
- “A manutenção da competitividade do setor junto ao mercado norte-americano contribui para preservar os fluxos comerciais e os investimentos, mitigando impactos imediatos”, disse o IBP em nota.
Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) lembrou que a indústria de petróleo e gás responde por cerca de 60% das exportações do estado do Rio de Janeiro para os EUA, sendo o principal item na pauta exportadora e representando 40 mil empregos diretos no estado.
- A Firjan também ressaltou preocupação com as tarifas aplicadas sobre produtos de aço e alumínio, insumos também usados na indústria de energia.
Vale ressaltar que, além da ampla lista de isenções, as principais razões mencionadas por Trump para justificar o tarifaço na ordem divulgada pela Casa Branca estão ligadas a medidas da Justiça brasileira na regulação das redes sociais e nos processos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro — o que evidencia, assim, o caráter político das taxas.
- Foi, inclusive, o tom evidenciado pelo presidente Lula (PT) na nota divulgada à imprensa na noite de ontem, em que afirma ser “inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
- “O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras”, afirmou o presidente do Brasil.
Nem todos podem respirar aliviados…. Ficou de fora da lista de isenções o etanol, alvo de reclamações de Trump nas relações comerciais com o Brasil praticamente desde o início do atual mandato. Assim, o produto está sujeito às tarifas que passam a valer em 6 de agosto.
- O acesso ao mercado brasileiro de etanol está entre os principais alvos da investigação aberta pelos Estados Unidos em 15 de julho, para apurar práticas que supostamente prejudicam o comércio internacional norte-americano.
- Atualmente, o Brasil cobra 18% de tarifa sobre o etanol importado, enquanto os EUA aplicam 2,5% sobre o etanol brasileiro. Assim, as cotas tarifárias devem ser agora alvo da negociação entre os países.
Fonte: Eixos