
O aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 27% para 30%, o E30, que entra em vigor a partir do próximo dia 01 de agosto, deve elevar a demanda pelo biocombustível em pelo menos 1 bilhão de litros. Em contrapartida, a oferta de etanol hidratado deve diminuir, o que deve sustentar os preços e tornar o combustível renovável um pouco mais competitivo em relação à gasolina no segundo semestre.
Esta e outras análises sobre a chegada do E30, comportamento dos preços e como a reforma tributária tem contribuído para reduzir a sonegação fiscal no segmento de distribuição de combustíveis fizeram parte de uma palestra realizada pelo CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, e pelo head de Inteligência de Mercado da SCA Brasil, Renan Santos, para executivos e investidores do banco Morgan Stanley. O encontro foi presencial, na sede do banco em São Paulo, no dia 16 de julho.
A paridade de preços do etanol hidratado, obtido diretamente na bomba, em relação à gasolina foi outro assunto comentado pelos especialistas da SCA Brasil. Em São Paulo, o maior estado consumidor do país, a relação de competitividade entre preços do hidratado e da gasolina saltou de 62%–63%, índices do início de 2024, para 66–67% atualmente.
Dados da SCA Brasil também mostram que os preços do etanol hidratado deverão subir, devendo atingir R$ 3,45 ou R$ 3,50 o litro no final desta safra. As razões para isso são uma oferta mais restrita do produto em razão da safra canavieira 5,4% menor em comparação ao ciclo anterior, além de maior demanda pelo E30. A SCA Brasil estima moagem de 588,5 milhões de toneladas para o ciclo 2025-2026.
“Esse movimento, no entanto, pode ser parcialmente compensado pela queda nos preços do açúcar, o que poderia incentivar uma mudança no mix de produção em favor do etanol”, avaliou Ono.
A adoção, em maio deste ano, de um novo regime de tributação na comercialização do etanol, prometia não apenas tornar o biocombustível hidratado mais competitivo nas bombas, como também inibir a sonegação de impostos na cadeia de distribuição. De acordo com o CEO da SCA Brasil, o problema, no entanto, persiste.
“A forma mais comum de sonegação ocorre nas distribuidoras denominadas ‘barrigas de aluguel’, que têm sócios em anonimato, representados pelos chamados ‘laranjas’. Quase 30% do etanol hidratado comercializado no Brasil vêm das empresas barrigas de aluguel, prejudicando a concorrência leal de mercado”, lamentou Ono.