Por Tatiana Freitas
A demanda por insumos agrícolas está se recuperando, porém mais lentamente do que o previsto. Com essa justificativa, a americana FMC reduziu as suas estimativas para os resultados em 2024, mesmo após apresentar melhora no balanço do segundo trimestre, divulgado no início da noite desta quarta-feira.
A receita da empresa, uma das maiores indústrias de defensivos agrícolas do mundo, atingiu US$ 1 bilhão, um crescimento de 2% em relação ao segundo trimestre de 2023, quando os efeitos do movimento geral de queima de estoques começaram a ser sentidos nos resultados da FMC. O Ebitda aumentou 8%, para US$ 202 milhões, enquanto o lucro ajustado subiu 26%, totalizando US$ 0,63 por ação.
O volume de vendas aumentou, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, apesar dos clientes terem mantido esforços para reduzir estoques, segundo Pierre Brondeau, CEO e presidente do conselho da FMC. A alta de 14% nos volumes, no entanto, foi quase anulada por uma queda de 10% nos preços, causados por um ambiente mais competitivo. A receita também sofreu um impacto cambial negativo de 2%.
Na América Latina, a receita cresceu 14% devido quase exclusivamente ao Brasil, o principal mercado para a FMC. Nos Estados Unidos, as vendas aumentaram 24%, enquanto nas outras regiões houve queda. A gigante norte-americana, que deu início a uma ampla reestruturação global no segundo semestre do ano passado, começou a colher alguns frutos das medidas implementadas para reduzir custos, tendo papel fundamental na melhora do Ebitda.
Mas o desempenho até aqui e a análise atual das condições de mercado levaram a empresa a comunicar os acionistas que não será possível atingir o guidance apresentado em fevereiro.
A revisão é mais uma demonstração dos desafios do setor de insumos de ler o mercado — e comprova que as dificuldades não são uma exclusividade das revendas brasileiras. Nem mesmo uma tradicional e gigantesca companhia como a FMC tem conseguido transmitir a temperatura da velocidade da recuperação do setor.
Em entrevista ao The AgriBiz em junho, o presidente da FMC para a América Latina, Renato Guimarães, disse esperar crescimento das vendas no segundo semestre em meio a inventários mais baixos e aumento no uso de tecnologia pelos produtores. Ele admitiu, no entanto, que as revendas ainda precisavam reduzir mais estoques.
“A recuperação é mais lenta”
A FMC agora espera uma receita entre US$ 4,3 bilhões e US$ 4,5 bilhões em 2024, um recuo de 2% em relação a 2023. “O crescimento de volume, estimado em um dígito médio ante o ano anterior, deve ser mais do que compensado por preços menores e impacto cambial”, segundo a empresa. A revisão do guidance em 4% em relação à estimativa anterior reflete vendas mais fracas no primeiro semestre e um atraso na recuperação da demanda.
“Com base em nosso desempenho no segundo trimestre e nos pedidos atuais em mãos para o segundo semestre, está claro que a demanda está se recuperando, embora mais lentamente do que o previsto originalmente”, disse Brondeau.
“Esperamos que a demanda aumente à medida que o ano avança, mesmo que os clientes mantenham o gerenciamento de estoques. Nosso guidance revisado reflete uma melhora mais modesta do mercado”, acrescentou o CEO no release de resultados.
A receita menor do que a esperada inicialmente levou a companhia a também reduzir o guidance para o Ebitda, que deve ficar entre US$ 880 milhões e US$ 940 milhões, uma queda anual de 7%. A expectativa inicial era de manutenção do Ebitda em relação a 2023. Já o lucro líquido, que no guidance anterior poderia subir até 1%, agora deve cair 12%. Listada na Bolsa de Nova York, a FMC é avaliada em US$ 7,3 bilhões. Em um ano, suas ações acumulam queda de 39%.
Fonte: AgriBiz