Por Antonia Mufarech e Lucia Kassai
O Brasil deve importar neste mês o maior volume de diesel em dois anos, enquanto agricultores colhem safra de milho e a economia resiliente do país sustenta a demanda dos caminhoneiros.
As importações de diesel devem atingir 452.000 barris por dia em outubro, de acordo com a Kpler, empresa de inteligência marítima. O movimento se segue após as fortes importações em setembro, com os fazendeiros acelerando as máquinas para coletar a safra de milho — que é transportada principalmente por caminhões para portos e centros de consumo.
O Banco Central elevou recentemente sua previsão de crescimento de 2024, visto que a a economia se expande em linha com as estimativas mais otimistas.
A demanda total do país por diesel — um termômetro da atividade econômica — vem crescendo nos últimos três meses, e atingiu o máximo de um ano em agosto, uma vez que a maioria dos produtos do país é transportada por caminhão.
No entanto, as refinarias brasileiras não produzem diesel suficiente, deixando-o cronicamente em falta. A maioria dos suprimentos importados do país vêm da Rússia, que tem sido rejeitada pelos compradores da Europa e dos Estados Unidos.
Agora, com as refinarias russas em processo de manutenção e com queda dos preços do diesel americano, os EUA conseguiram expandir sua participação nas importações do Brasil.
“O diesel russo meio que dominou a cena desde o ano passado”, disse Felipe Perez, chefe de pesquisa e estratégia de combustíveis e refino da América Latina na S&P Global. No entanto, “o diferencial entre o diesel russo e o diesel da Costa do Golfo dos Estados Unidos está desaparecendo”.
No mês passado, os fundos hedge foram os mais pessimistas em relação ao diesel, segundo registros desde junho de 2006 — de acordo com dados da CFTC — com o sentimento afetado pela perspectiva de enfraquecimento econômico global.
A competição por embarques de diesel para o Brasil pode aumentar à medida que a refinaria de Dangote, na Nigéria, e a unidade de Dos Bocas, no México, se tornarem totalmente operacionais, o que pode causar um excesso de oferta, disse Perez.
Fonte: Investing