Expansão acelerada das bioenergias amplia horizonte de investimentos no agro brasileiro


BROTO NOTÍCIAS – O mercado de biocombustíveis no Brasil deve movimentar R$ 1 trilhão até 2035, aponta estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). De acordo com especialistas no segmento, consultados pela reportagem do Broto em dois recentes e conceituados eventos do setor agro, a projeção indica potencial significativo de novas oportunidades e negócios, que podem consolidar o Brasil como principal plataforma global de bioenergias

Etanol e biodiesel são os carros-chefes das fontes renováveis de base agrícola, seguidas pela bioeletricidade a partir da biomassa e do biogás/biometano gerados de sobras e resíduos orgânicos provenientes de atividades rurais e/ou aterros sanitários. Nesta agenda, é a busca pela menor dependência de fontes fósseis que norteia os investimentos. 

No âmbito da mobilidade sustentável, o diretor de sustentabilidade da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)Henry Joseph Jr., assinalou, no Congresso Fenabio, realizado nos dias 13 e 14 de agosto dentro da Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho (SP), que a descarbonização no segmento de veículos leves no Brasil só será possível com o uso cada vez maior dos biocombustíveis – independentemente de rotas tecnológicas.

“Os biocombustíveis são motores de crescimento econômico e aliados contra a crise climática. Eles geram valor, ampliam safrascriam empregos e estimulam a inovação. São uma ponte para um futuro mais sustentável”, enfatizou também na Fenabio o presidente da Cargill no Brasil e de Negócio Agrícola da Multinacional na América Latina, Paulo Sousa. Já o presidente e CEO da Scania para América Latina, Christopher Podgorski, ressaltou no mesmo evento o uso crescente do biometano, em particular no segmento de transporte pesado – caminhões – e também de máquinas agrícolas

Ainda na Fenabio, o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, adiantou o que está por vir no âmbito das bioenergias. “É o uso do etanol para fabricação de SAF – combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês –, bem como o bunker verde marítimo, além do avanço de novos mandatos de mistura de biocombustíveis aos fósseis em diversos mercados internacionais.”

Para o sócio-diretor da Cogo Inteligência em AgronegócioCarlos Cogo, as novidades que surgem relacionadas ao diesel renovável (HVO) hidrogênio verde também precisam ser consideradas neste portfólio de soluções de bioenergias. 

“No caso da cana-de-açúcar, por exemplo, isso vai puxar investimentos em novas usinasmodernização de plantas e dos canaviais, além de demandar mais investimentos em indústrias de refino de biocombustíveis, o que inclui também o etanol de milho“, pontuou no segundo dia do Congresso Andav 2025, na capital paulista. Ademais, segundo Cogo, todo este cenário também acarretará indiretamente em oportunidades negócios com a compra e venda de créditos de carbono

Para os produtores rurais, esse movimento abre um horizonte de novas oportunidades. A diversificação de culturas destinadas à bioenergia, a valorização de resíduos e subprodutos, junto da demanda crescente por crédito de carbono, ampliam as maneiras de gerar renda no campo. Investir em boas práticas agrícolas, apostar em tecnologias de eficiência produtiva e buscar parcerias com cooperativas agroindústrias podem ser caminhos estratégicos para aproveitar esse cenário.

Foto: Usina de etanol de milho da FS em Lucas do Rio Verde-MT -Crédito: Divulgação/FS Bioenergia 

Fonte: Broto Notícias