
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Ministério Público de São Paulo, em parceria com a Receita Federal e a Polícia Militar, realiza uma operação na manhã desta quinta-feira (25), que visa cumprir 25 mandados de busca e apreensão. O foco da ação é o envolvimento do PCC no mercado ilegal de combustíveis e jogos de azar.
Essa operação é uma continuidade da Operação Carbono Oculto, realizada em 28 de agosto, que investigava suspeitos de usar postos de combustíveis, motéis, empreendimentos imobiliários e lojas de franquia para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
As buscas acontecem em várias cidades de São Paulo, incluindo São Paulo, Santo André, Barueri, Campos do Jordão, Osasco, Santos e Bertioga. Participam cerca de 64 servidores da Receita Federal, 28 do Ministério Público, além de representantes da Secretaria da Fazenda do Estado e aproximadamente 100 policiais militares.
Elas ocorrem em endereços de São Paulo, Santo André, Barueri, Campos do Jordão, Osasco, Santos e Bertioga. Participam da operação 64 servidores da Receita Federal e 28 do Ministério Público, além de representantes da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo e cerca de 100 policiais militares.
A investigação revelou que máquinas de cartão de crédito apreendidas em casas de apostas ilegais em Santos estão ligadas ao esquema. Essas máquinas enviam recursos para o BK Bank, fintech mencionada na Operação Carbono Oculto, como destino do dinheiro do PCC.
O esquema envolve empresas operacionais que inseriam recursos ilícitos no setor formal, usando maquininhas via fintechs. Esses valores eram lavados e reinvestidos em imóveis, negócios e outros ativos, por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCP).
De 2020 a 2024, mais de 267 postos de combustíveis movimentaram cerca de R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, representando 0,1%. Além disso, 98 estabelecimentos ligados a uma mesma franquia movimentaram aproximadamente R$ 1 bilhão, com uma baixa arrecadação de tributos.
A Receita Federal identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais – o equivalente a 0,1% do total movimentado. Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
Mais de 60 motéis, muitas vezes em nome de “laranjas”, movimentaram R$ 450 milhões nesse período. Restaurantes associados aos motéis também eram parte do esquema, com um deles distribuindo R$ 1,7 milhão em lucros após registrar receita de R$ 6,8 milhões.
Entre 2020 e 2024, elas movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais. No mesmo período, recolheram R$ 25 milhões em tributos federais (2,5% da sua movimentação financeira no mesmo período) e distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos.
Mais de 60 motéis também foram identificados, a maioria em nome de “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024, segundo a Receita.
Restaurantes localizados nos motéis, com CNPJs próprios, também integravam o esquema – um deles distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após registrar receita de R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.
Segundo a Receita, com os recursos obtidos por meio do esquema, os investigados adquiriram imóveis e bens de alto valor, entre eles um iate, helicópteros, um Lamborghini Urus e terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.
As máquinas de cartão foram apreendidos em duas casas de apostas ilegais em Santos, no litoral paulista – uma na rua da Paz, no bairro Boqueirão, e outra na Euclides da Cunha, no Gonzaga. Nos dois casos, os equipamentos estavam registrados em nome de postos de gasolina, e não dos proprietários, o que levantou a suspeita dos investigadores.
A investigação mostrou que, também nos dois casos, o dinheiro movimentado nas máquinas de cartão era enviado para o BK Bank – mesma fintech que foi apontada, na Carbono Oculto, como destino do dinheiro do PCC.
Um e-mail vinculado a um dos postos de gasolina, que teve o sigilo quebrado trouxe indícios de que empresas de Flavio Siqueira lucravam com combustível adulterado, além da exploração ilegal de jogos de azar, segundo documentos apresentados à Justiça.
Os dados encontrados ali apontaram também para nove empresas do setor hoteleiro e ao menos três do setor financeiro que participariam do esquema de lavagem de dinheiro. Elas estão em nome de laranjas e operam em nome de Siqueira, segundo os promotores.
Os postos de gasolina também já foram alvos, no passado, de autuações da Agência Nacional do Petróleo por adulteração de combustíveis. Em apenas um desses postos de gasolina, por exemplo – o Posto de Serviços DJF-, teria movimentado mais de R$ 1,5 milhão, além da venda de combustível adulterado, segundo documentos da investigação.
Fonte: O Tempo Brasil