Distribuidores e produtores finalizam contratação de biodiesel para o 5º bimestre

DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (18/08 a 22/08/2025)

O destaque da semana foi a finalização da rodada de contratação do biodiesel para o 5º bimestre do ano. A maior parte do volume negociado no mercado brasileiro tem sua precificação baseada no conceito de paridade de exportação do óleo de soja, principal matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel, adicionando uma parcela fixa chamada “fee” no jargão de mercado, que na prática, é o valor negociado entre produtores e distribuidores.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o fee negociado teve valorização que variou entre R$ 250,00 e R$ 350,00 por metro cúbico em relação ao bimestre anterior, a depender da região. Alguns fatores justificaram essa valorização: o aumento do percentual de biodiesel no diesel de 14% para 15% a partir de 1º de agosto e a forte sazonalidade histórica do 5º bimestre aumentaram a pressão compradora pelo lado da demanda.

Pelo lado da oferta, as baixas margens de esmagamento da soja levaram a um aumento nos preços do óleo de soja a ser comprado pelos produtores de biodiesel.  Além disso, a notícia de antecipação da manutenção de duas plantas no Mato Grosso e uma em Goiás reduziu a oferta para o bimestre.

O óleo de palma passou por período de correção, após forte aumento de 9,3%, entre os dias 4 e 18/08, com o contrato de novembro recuando para US$ 1.071/t em razão da realização de lucros. A queda nas importações chinesas para 170 mil toneladas em julho (ante 350 mil em junho) e estimativas de desaceleração nas exportações da Malásia pressionaram as cotações. No entanto, na sexta-feira (22/08), o óleo de palma se recuperou com valorização de 1,5% para US$ 1.072,4/t, impulsionado pela alta do óleo de soja e pelo crescimento do consumo doméstico na Indonésia, maior produtor mundial.

O óleo de soja manteve tendência baixista no início da semana, operando entre US¢ 52 e US¢ 53,5/lb e atingindo os menores valores desde 13 de junho. O mercado permaneceu pressionado por incertezas sobre possíveis ajustes no programa Renewable Fuel Standard (RFS), com rumores de que a U.S. Environmental Protection Agency (EPA), agência ambiental dos Estados Unidos, poderia conceder isenções a pequenas refinarias nas próximas semanas. As cotações também foram afetadas pelo bom andamento das lavouras americanas, com 68% em condições boas ou excelentes, e pela queda de 6% no esmagamento total na União Europeia em julho, incluindo recuo de 9,1% no processamento de soja.

No entanto, na sexta-feira, o óleo de soja registrou forte alta de 4,8% à espera da decisão da EPA sobre pedidos de isenção de pequenas refinarias. Especulou-se que até 60 refinarias, das 195 que solicitaram, poderiam ser contempladas com isenções, o que poderia enfraquecer retroativamente os mandatos de mistura e reduzir a demanda por biocombustíveis. No entanto, também se discutia a possibilidade de uma decisão suplementar que realocasse os Renewable Identification Numbers (RINs, na sigla em inglês) – créditos negociáveis que atestam a produção de biocombustíveis, incluindo biodiesel para grandes refinarias, evitando impactos negativos na demanda – fator que impulsionou os preços na expectativa de preservação dos mandatos.

Dessa forma, o contrato de setembro/2025 de óleo de soja negociado na Chicago Board of Trade (CBOT) reverteu a queda do início da semana e encerrou em 54,84 cents/libra na sexta-feira (22/08), apresentando valorização de 3,12% na semana. Já o prêmio de setembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá desvalorizou 170 pontos, fechando a semana em -4,00 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em linha com a semana anterior a US$ 1.121/ton, uma valorização de 0,04%.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel registrou um volume de venda de 6.690 m³, 4.000 m³ a mais em relação à semana anterior, fortemente concentrado nas vendas do dia 21/08, com destaques para o volume de 2.120 m³ no Paraná. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.904/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com valorização de 1,5% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

Segundo o levantamento realizado entre 11 e 17/08 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.667,00, desvalorização de 1,4% em relação ao valor médio da semana anterior. Todas as regiões apresentaram redução, exceto no Sul, que ficou com um leve aumento de 0,1%, e no Centro-Oeste, que registrou a maior desvalorização com -2,0%. Até esta segunda-feira (25/08), o mercado acumula uma redução de 10,5% no ano.