Companhias miram pequeno produtor com marketplaces

Francisco Martinez: operações de crédito do Broto atreladas a compras —
Foto: Divulgação/Broto

Por Marcos Fantin e Fernanda Pressinott

As empresas do setor agropecuário estão cada vez mais migrando seus negócios do ambiente presencial para o ambiente virtual quando o objetivo é vender. Os marketplaces fazem parte do dia a dia dos agricultores, e não só para comprar produtos , mas também para a tomada de créditos e financiamentos, em um movimento que cresce desde a pandemia, que acelerou a digitalização do setor.

O Broto, plataforma digital de agronegócio do Banco do Brasil, movimentou R$ 2 bilhões em negócios entre novembro de 2023 e de 2024. Desde o início da operação, em 2020, o movimento já soma R$ 7,9 bilhões. O marketplace reúne cerca de 800 empresas, e há hoje cerca de 23 mil anúncios ativos em 19 categorias de produtos e serviços.

Segundo Francisco Roder Martinez, diretor-executivo do Broto, o pódio nos negócios é ocupado por tratores, insumos e serviços. “No último ano, foram realizadas 1.987 operações de crédito no Broto, todas elas atreladas à aquisição de algum produto anunciado em nosso marketplace.”

Em 2025, o Broto vai lançar um clube de assinaturas para conectar o produtor às melhores ofertas e soluções. Além disso, há um piloto em fase de teste para digitalizar a operação de barter.

Lançado em 2023, o E-agro, marketplace do Bradesco, também busca atingir essa parcela de produtores cada vez mais “digitais”. Em menos de dois anos, a plataforma tem 40 mil usuários cadastrados que buscam crédito, máquinas e insumos.

O E-agro atende produtores de todos os portes, porém a demanda é consideravelmente maior entre pequenos e médios. Os produtores das regiões Sudeste e Sul são os que demonstram mais interesse pelas soluções oferecidas, afirma Nadege Saad, diretora do E-agro.

“De janeiro a setembro, geramos quase R$ 500 milhões em oportunidades de negócios para os parceiros”, diz ela. E a expectativa é dobrar esse volume até o fim de 2024, “com grande contribuição das linhas de crédito rural do ano-safra 2024/25”, acrescenta.

Empresas de conectividade também apostam em marketplaces. A Sol, do grupo RZK, lançou uma loja virtual em outubro para facilitar a aquisição de serviços de conectividade rural. A iniciativa também é voltada aos pequenos agricultores, já que muitas vezes “o grande [produtor] demanda um atendimento presencial e um especialista exclusivo”, afirma Sonia Proença, diretora comercial da Sol.

A ‘loja Sol’ vende online o que já é negociado presencialmente pela equipe de campo. “Isso nos leva para áreas que ainda não foram exploradas”, diz. A meta da companhia é atingir 3.500 novos produtores rurais.

O marketplace vende seis soluções, com destaque para inteligência climática. Segundo Proença, os planos oferecem desde serviços básicos por preços mais acessíveis até pacotes completos que exigem mais investimento por parte do produtor.

Na companhia de fertilizantes Cibra, a aposta é na integração entre o físico e o digital. Sua assistente virtual, ‘Cibele’, é uma espécie de “engenheira agrônoma” que auxilia os agricultores na busca de produtos. A negociação pode ser concluída online ou presencialmente com a equipe de vendas, de acordo com Kelly Nakaura, diretora de comunicação, marketing e produtos da Cibra.

Na empresa, cerca de 30% das transações passam por alguma das plataformas em algum momento da compra de produtor, seja no CibraStore, via ‘Cibele’, ou nos marketplaces parceiros, como Agrofy, E-Agro, ClubeAgro e Broto. “Se considerarmos também as “lojas” das revendas nesses mesmos marketplaces, o percentual aumenta significativamente”, diz.

O CibraStore foi lançado em 2020 e contribuiu com o crescimento de 16% no volume de vendas da empresa no primeiro ano de funcionamento. Em 2021, o incremento foi de 20%, influenciado também pela criação da engenheira agrônoma virtual. “Em 2022, entramos nos marketplaces do agro, que contribuíram para o resultado de crescimento de 60% em vendas”, afirma Kelly Nakaura.

Fonte: Globo Rural