Com incertezas a respeito do RenovaBio, preço dos CBios tem queda de 24,3%

Os preços dos créditos de descarbonização (CBios), vinculados ao RenovaBio, registraram uma nova queda na segunda quinzena de agosto. No período, os títulos foram negociados por R$ 42,67, em média, com retração de 24,3% ante as primeiras semanas do mês.

O valor também está 35,7% abaixo da média de 2025, de R$ 66,37 por CBio. Em comparação com a média histórica, de R$ 84,30, a queda chega a 49,4%. Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana com base em dados da bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa. Além disso, o preço médio diário em 29 de agosto foi de R$ 32,58. Os CBios não ficavam abaixo de R$ 40 desde 8 de setembro de 2021, quando o valor médio foi de R$ 39,67.

A queda acentuada vai além da tendência de retração nos preços vista nas últimas quinzenas e pode ser justificada pelo cenário de incertezas pelo qual passa o programa. No final de agosto, uma liminar determinou que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não poderia aplicar sanções a uma distribuidora inadimplente.

Embora entidades do setor tenham afirmaram que a decisão “não pode atingir de forma automática outras distribuidoras ou terceiros que não compõem a relação processual” e a ANP siga divulgando a relação de companhias sancionadas, o mercado foi afetado.

A decisão envolve especialmente a publicação da lista de distribuidoras inadimplentes junto ao programa, uma das mudanças previstas pela Lei dos CBios. As companhias presentes na relação são impedidas de comercializar com outros agentes do mercado.

Entre os dias 18 e 29 de agosto, o preço dos CBios oscilou entre R$ 32,10 e R$ 61,22. O maior valor foi visto nos dias 18 e 28, enquanto o menor foi registrado no dia 29. De acordo com a B3, ocorreram 1,51 mil negociações no período, movimentando 2,27 milhões de créditos.

Ainda conforme a bolsa de valores, de janeiro ao final de agosto, o volume financeiro das negociações alcançou R$ 3,62 bilhões. O montante ficou 30,9% abaixo do visto no mesmo recorte de 2024, quando foram movimentados R$ 5,25 bilhões. A queda pode ser justificada pelo cenário de baixa nos preços, visto no decorrer deste ano.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.

Posse e aposentadoria

No dia 29 de agosto, a B3 fechou a sessão com 32,45 milhões de créditos em circulação. O montante representa 65,7% da meta estipulada para 2025, de 49,36 milhões de CBios.

O objetivo anual, atualizado em março pela ANP, inclui os 10,49 milhões de CBios que ficaram pendentes do ano passado. Além disso, foram descontados os 1,52 milhão de créditos abatidos das metas individuais das distribuidoras que cumpriram contratos de longo prazo com produtores de biocombustíveis.

Do total de CBios disponíveis no mercado ao final da quinzena, 49,9%, ou 16,21 milhões, estavam em posse das usinas certificadas no programa. Já as distribuidoras detinham 15,94 milhões, ou 49,1%. Assim, os 309,73 mil créditos restantes (1%) estavam com investidores sem metas.

Na segunda quinzena de agosto, 149,9 mil créditos foram aposentados, baixa de 90,4% em relação aos 1,53 milhão de títulos que saíram de circulação no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, 12,36 milhões de CBios saíram do mercado. Ou seja, apenas 25% da meta foi realmente alcançada até agora.

Somando os créditos disponíveis, os que foram retirados de circulação em 2025 e os 181 mil títulos que foram aposentados de forma antecipada no ano passado, o volume total chega a 44,99 milhões de CBios, ou 91,2% do objetivo para o ano.

De acordo com a B3, as últimas aposentadorias por companhias sem metas a cumprir no programa ocorreram em março. No dia 12, foram retirados circulação 23 mil créditos e, no dia 14, outros 200.

Segundo as regras do RenovaBio, a retirada de títulos feita por partes não obrigadas pode ser deduzida dos objetivos finais do programa. Com isso, as aposentadorias feitas durante o ciclo 2025 devem ser contabilizadas no próximo ano.

Emissões

Na segunda quinzena de agosto, as usinas certificadas no RenovaBio emitiram 2,04 milhões de CBios, baixa de 2,4% na comparação anual. Já no acumulado de 2025, as sucroenergéticas escrituraram 28,35 milhões de títulos. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um acréscimo de 1,5%.

De acordo com a ANP, 337 usinas estão atualmente certificadas para a emissão dos créditos do RenovaBio. Destas, cinco fabricam biometano e outras 40, biodiesel.

Dentre as 292 usinas de etanol certificadas, 275 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; oito processam cana e milho; oito apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Desde o início do programa até agora, 187,09 milhões de CBios já foram emitidos pelas sucroenergéticas.

Por Giully Regina

Fonte: NovaCana