Por Fernando Calmon*
A transição energética representa uma chance única para o Brasil se posicionar entre os líderes mundiais nos próximos anos. Afirmação de Thiago Lopes, coordenador de projetos no RCGI (sigla em inglês para Centro de Pesquisas de Inovações sobre Gases de Efeito Estufa) e professor da Poli-USP, no seminário organizado pela Carcon/Global Data, em São Bernardo do Campo (SP).
Gás carbônico (CO2) em níveis elevados demais tornou-se inimigo público mundial. Representa o principal vetor para o chamado efeito estufa, fenômeno de aquecimento atmosférico e suas consequências como derretimento de calotas polares e subida do nível dos mares. Automóveis e veículos comerciais não são os maiores responsáveis, porém, têm peso estimado em até 25% quando se calcula da fonte à roda.
Principal alternativa é o hidrogênio (H2), considerado combustível do futuro. Para Lopes, “a relevância do H2 produzido a partir do etanol atingirá um preço competitivo e no ciclo fonte à roda se tornará um combustível com intensidade negativa de carbono”.
Entretanto, torna-se muito difícil prever quando a era do hidrogênio realmente se tornará realidade, pois depende da matriz energética de cada país. Da eletrólise da água (H2O) também se obtém hidrogênio, mas exige enorme consumo de energia elétrica e esta precisa ser obtida de forma limpa como em hidroelétricas ou a partir do sol e vento.
Lopes citou o projeto da USP que testa um ônibus movido a H2, obtido a partir do etanol, em alternativa ao diesel com redução significativa de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, além de alcançar o dobro de eficiência. No mundo, o Toyota Mirai é o único modelo com motor a combustão interna abastecido com H2, porém sua venda é simbólica e o reabastecimento, bastante limitado.
*Jornalista automobilístico desde 1967.
Fonte: Portal Terra