Aumentar consumo de etanol em 21 estados: oportunidade para expansão do setor

O mercado interno brasileiro desponta como o principal vetor de crescimento do setor de etanol, diante da ampliação da produção do etanol de milho e da busca por novas frentes de consumo. A avaliação é do CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, feita durante a live “Expansão do etanol de milho impulsiona novas oportunidades de consumo no Brasil”, transmitida nesta segunda-feira (3/11) pelos canais da SCA Brasil no YouTube e LinkedIn, e que contou com a participação do Presidente Executivo da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), Guilherme Nolasco.

Ono destacou que 80% das vendas de etanol hidratado no País estão concentradas em apenas seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esses estados reúnem 59% da frota nacional de veículos flex e neles, o consumo de etanol representa 36,6% do ciclo Otto.

A grande oportunidade de ampliação está nos demais 21 estados. Juntos eles respondem por 41% da frota flex, mas o etanol atinge apenas 10,1% do ciclo Otto, com cerca de 4 milhões de metros cúbicos do biocombustível comercializados.

“Há um espaço enorme a ser explorado dentro do próprio território nacional. O desafio é viabilizar logística e preço competitivo, para que o etanol chegue a todas as regiões com condições equilibradas de comercialização”, afirmou o executivo. Segundo ele, o mercado nacional ainda apresenta forte desigualdade tributária, com variação do ICMS entre 11,3% e 22%.

O presidente executivo da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), Guilherme Nolasco, concorda que a grande expansão no consumo virá do território brasileiro. “Não falta oportunidade para expandir o etanol no Brasil. O País tem todas as condições de avançar sobre novos mercados, especialmente nas regiões Sul, Norte e Nordeste, que devem ganhar relevância com a reforma tributária e a reorganização logística do setor”, acrescentou.

O fator milho

Ono explica que comercializar todo o etanol adicional que virá da expansão da produção do biocombustível de milho, representaria vender o etanol em São Paulo a uma paridade de 57 ou 58%. “Seria uma ação predatória de preço, quando o ideal é preservar os seis estados que vendem bem e focar em um preço mais competitivo nos estados que não tem essa atratividade, com um benefício de manutenção de margem para o setor da ordem de R$ 15 bilhões por safra”.

O executivo lembra que o etanol hidratado ainda flutua com impostos diferentes em cada estado, um desafio logístico e tributário que precisa ser enfrentado. “A reforma tributária prevista a partir de 2027 poderá unificar essa cobrança, tornando o produto mais competitivo em todo o país. Temos potencial para dobrar as vendas de etanol nos estados com baixa competitividade, o que elevaria de 4 para 8 milhões de metros cúbicos a demanda anual pelo hidratado nesses estados e aumentaria a participação nacional do combustível no ciclo Otto para até 32%.”

A frota flex já soma 80% dos veículos leves brasileiros, o que reforça o potencial de ampliação do uso do combustível renovável. “A pujança do etanol de milho é importante e vai puxar a expansão do mercado. O mercado internacional é promissor, mas o grande potencial está dentro do Brasil. O mercado interno pode democratizar o consumo e tornar o etanol ainda mais competitivo”, destacou Ono.

De acordo com levantamento da SCA Brasil, entre 2005 e 2024 o Brasil inaugurou 32 novas usinas de etanol de milho, enquanto o número de usinas de cana praticamente se manteve estável com 141 abertas e 133 fechadas. O estudo também aponta que o crescimento do etanol de milho deve dobrar nos próximos anos, enquanto o etanol de cana tende a permanecer em patamar estável.

Para Ono, esse cenário confirma a necessidade de “desenvolver planos de ação específicos para aumentar as vendas de etanol hidratado nos estados sem competitividade, além de trabalhar políticas nacionais de preço e incentivos logísticos”, principalmente enquanto oportunidades como o SAF (combustível sustentável de aviação) e o BioBunker não forem viabilizadas comercialmente.

Exemplo do Mato Grosso

Segundo Nolasco, menos de 20% do etanol produzido no Mato Grosso é consumido dentro do próprio estado, o que demonstra a necessidade de reorganizar a distribuição nacional. “A reforma tributária vai mudar a cobrança para o destino, eliminando distorções e abrindo espaço para novos polos consumidores, como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, além de estados do Norte e Nordeste. O desafio será estruturar clusters logísticos eficientes para levar o etanol a essas regiões de forma competitiva”, alertou.

Ele também salientou o papel do milho na nova geografia do biocombustível. Segundo o dirigente, o milho é mais democrático e está alcançando o território nacional com projetos no Nordeste, Norte e no Sul do Brasil, evidenciando que o etanol está diversificando sua base de produção. Conforme Nolasco, o avanço da produtividade e da tecnologia deve elevar o rendimento para 455 litros de etanol por tonelada de milho, ampliando a eficiência industrial.

Os dados da SCA Brasil indicam ainda que cada ponto percentual a mais na participação do hidratado no ciclo Otto corresponde a um aumento de 742 mil m³ de etanol consumido. Em simulações para 2030, a participação do etanol hidratado poderia chegar a até 32% do ciclo Otto, caso o País mantenha um crescimento de 1,5% ao ano e amplie o uso do biocombustível nas regiões com menor consumo.

“Precisamos olhar para o futuro com responsabilidade e aproveitar as oportunidades. O Brasil tem todas as condições para fortalecer o mercado de etanol e consolidar-se como referência mundial em biocombustíveis de baixo carbono”, concluiu Nolasco.

O programa Conexão SCA Brasil, em sua 17ª edição, foi apresentado pelo jornalista Adhemar Altieri, da MediaLink Comunicação Corporativa, com produção técnica da Propano Filmes. A série promove debates sobre temas estratégicos do agronegócio, com foco em biocombustíveis e sustentabilidade.

Assista à live completa:

Assista pelo canal da SCA Brasil no YouTube:
https://www.youtube.com/live/PH5SKvSzFFo?si=LpnKKT_CohMy_B1y

Assista pela página da SCA Brasil no LinkedIn:
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Página da série “Conexão SCA Brasil” no Spotify:
https://podcasters.spotify.com/pod/show/conexo-sca-brasil/