
A safra 2025-2026 deve registrar nova queda no preço do ATR (Açúcar Total Recuperável) no Centro-Sul do Brasil. Segundo a Pecege Consultoria e Projetos, o valor médio do ATR deve recuar para R$ 1,1505/kg, frente aos R$ 1,1926/kg da safra anterior, uma redução de 3,5%.
Mesmo com o Consecana-SP ainda sem divulgar os valores oficiais, o mercado já trabalha com projeções. “Nós estamos esperando aqui uma queda, embora o Consecana ainda não tenha divulgado os preços oficiais para essa safra”, explica Raphael Delloiagono, analista de mercado da Pecege. “Tanto a Orplana quanto a Unica têm projeções, mas ainda não chegaram a um consenso sobre qual metodologia adotar.”
A estimativa mais recente da Pecege é de que o ATR feche a safra com média entre R$ 1,14 e R$ 1,15, o que representa um cenário mais conservador. “A última estimativa feita há duas semanas é de R$ 1,15. Não vejo esse ATR caindo a R$ 1,10″, afirmou Delloiagono.
A queda é atribuída principalmente à combinação de dois fatores: a desvalorização do açúcar no mercado internacional e a valorização do real. “Na safra passada, o açúcar foi negociado na base de 19 centavos de dólar por libra-peso. Desde o início desta safra, já caiu bastante, sendo negociado abaixo de 17 centavos. E o câmbio também caiu de forma expressiva. Começamos o ano com o dólar acima de R$ 6,00 e hoje ele já está girando em torno de R$ 5,50”, explica o analista.
Com preços mais baixos para o açúcar em reais, o ATR é diretamente impactado, especialmente considerando que o mix projetado para esta safra é mais açucareiro: 56,7% do ATR deve ser gerado a partir do açúcar, contra 43,3% do etanol.
Embora o etanol esteja relativamente valorizado, com boas perspectivas para a safra 2025-2026, Delloiagono avalia que isso não deve compensar totalmente o peso da queda do açúcar. “Nos primeiros meses da safra já vimos uma valorização do etanol, e essa tendência deve continuar. Mas o efeito positivo é limitado frente à pressão negativa do açúcar.”
Além disso, o mercado internacional deve passar por um processo de normalização da oferta. “Na última safra, a Índia — que é o segundo maior produtor mundial — teve uma quebra relevante na produção. Agora, para a próxima safra que começa em setembro por lá, tudo indica que haverá recuperação e aumento da oferta, o que também pressiona os preços globais”, acrescenta o especialista.
Segundo os dados da Pecege, os preços mensais do ATR devem oscilar entre R$ 1,09 e R$ 1,15/kg ao longo da safra, com o valor acumulado ficando abaixo das três últimas safras. Isso exige ainda mais atenção por parte dos produtores, que terão de reforçar a eficiência operacional e o controle de custos para manter a rentabilidade em um ambiente desafiador.
Fonte: Revista RPA News