Acordo comercial entre Estados Unidos e China movimenta mercado de soja

DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL 27 a 31/10/2025

O principal destaque da semana foi o anúncio do acordo comercial entre China e Estados Unidos. Entre outras medidas, a China comprarádos EUA 12 milhões de toneladas de soja na safra atual e 25 milhões anuais pelos próximos três anos, alterando significativamente o viés para o complexo soja. A primeira compra chinesa da nova safra americana foi registrada com 180 mil toneladas, embora agentes permaneçam céticos considerando as recentes grandes compras sul-americanas pela China. O sharesul-americano nas importações chinesas caiu de 41% em 2016 para 20% em 2024.

Apesar do otimismo com o acordo sino-americano que impulsionou os preços da soja (+8,5% mensal) e do farelo (+12,3% mensal), o óleo de soja acumulou apenas 1,8% no mês, testando níveis de US¢ 50/lb e atingindo o menor fechamento desde junho (US¢ 49,2/lb), pressionado principalmente pelas indefinições regulatórias nos EUA.

A Aliança Americana do Carbono pressionou o Departamento do Tesouro por rápida resolução do crédito fiscal 45Z, enquanto o prazo de consulta pública da EPA sobre isenção de metas para pequenas refinarias terminou em 31 de outubro sem nenhuma definição, agravado pelo shutdown do governo americano. Alguns agentes já projetam que a questão pode ser resolvida apenas no primeiro trimestre de 2026, tornando cada vez mais real a possibilidade de 2026 começar com números decepcionantes para o segmento de biocombustíveis, assim como 2025. O desempenho inferior do óleo também reflete busca por manutenção das margens de esmagamento, onde para compensar a alta do farelo, o óleo cresce em ritmo menor, enquanto a expectativa de redução dos juros americanos pelo Fed poderia tornar as commodities mais atrativas.

Acompanhando as pressões no mercado de óleos vegetais, o óleo de palma encerrou a semana em US$ 1.005,5/t (contrato de janeiro), o menor valor desde agosto, acumulando perdas de 4,9% na semana, pressionado principalmente pelas projeções otimistas da GAPKI para a produção indonésia. A associação revisou a estimativa de 2025 para 56 milhões de toneladas e projeta incremento adicional de 5% em 2026. Os estoques indianos de palma atingiram 540 mil toneladas em setembro, o maior nível desde dezembro de 2023, sinalizando desaceleração da demanda internacional e atuando como fator baixista no curto prazo.

Voltando ao cenário doméstico, a área de soja da safra 2025/26 atingiu 36% do plantio segundo levantamento da AgRural, contra 24% na semana anterior e igual ao registrado no mesmo período do ano passado. A consultoria ressalta que, embora o clima tenha favorecido a semeadura na última semana, a irregularidade das chuvas e o calor no Centro-Oeste seguem como ponto de atenção para os próximos dias.

Em relação às perspectivas climáticas, o cenário brasileiro ainda apresenta chuvas irregulares, especialmente em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, mantendo apreensão entre produtores. No entanto, os modelos meteorológicos americano e europeu indicam fortalecimento das instabilidades a partir do fim de semana, com formação de nova frente fria entre 1° e 3 de novembro que deve trazer chuvas mais abrangentes para as principais regiões produtoras. Os acumulados de dez dias indicam precipitações consistentes em praticamente todo o território nacional, confirmando a transição definitiva para o regime úmido e favorecendo a continuidade do plantio com redução dos riscos de estresse hídrico nas lavouras recém-estabelecidas.

Refletindo as incertezas do mercado internacional, ocontrato de dezembro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 48,68 cents/libra na sexta-feira (31/10), apresentando desvalorização de 3,16% na semana. O prêmio de dezembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá perdeu60 pontos, fechando a semana em -0,60 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.059,98/ton, uma desvalorização de 4,36% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA BRASIL

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve um volume de vendas de 1.880 m³na semana, uma redução de 2 mil m³ em relação à anterior, com o destaque para o estado do Paraná, com volume comercializado de 800 m³. O preço médio apurado na semana foi de R$ 6.039/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com uma leve desvalorização de 0,5% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA BRASIL

No mercado doméstico, aAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou as vendas acumuladas até setembro. As vendas de diesel atingiram 6,22 milhões de m³ em setembro, um aumento de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado e 1,4% acima de agosto, contrariando a tendência sazonal de recuo entre agosto e setembro, impulsionado pela reaceleração das atividades nos campos com avanço do plantio de soja, aumento das exportações de milho (7,5 milhões de toneladas no mês) e manutenção da atividade industrial aquecida. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as vendas de diesel B atingiram 51,9 milhões de m³ (+2,9% vs 2024). Com relação ao biodiesel, a produção em setembro foi de 873 mil m³ queda de 5,6% em relação à agosto, porém um aumento de 6,8% na comparação anual puxada principalmente pela Região Sul (+12,8%) e Norte (+48,6%), com Rio Grande do Sul liderando com 198,5 mil m³.

Devido ao ponto facultativo do Dia do Servidor Público, a ANP não divulgou na sexta o levantamento de preços de biodiesel.