Abiove revisa para cima dados sobre o Complexo Soja


DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (15/09 a 19/09/2025)

Projeções recorde para o Complexo Soja brasileiro em 2025 foram confirmadas pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), com a produção estimada de 170,3 milhões de toneladas e esmagamento de 58,5 milhões de toneladas, um avanço de 0,7%. A produção de farelo deve atingir 45,1 milhões de toneladas e a de óleo de soja 11,7 milhões de toneladas, aumentos de 0,7% e 0,4% respectivamente. O avanço na mistura de biodiesel para 15% (B15) consolida o setor como principal motor da cadeia.

As exportações devem se manter robustas com 109,5 milhões de toneladas de soja em grãos, 23,6 milhões de farelo e 1,35 milhão de toneladas de óleo de soja. Os resultados mensais também foram positivos, com o processamento de julho totalizando 4,7 milhões de toneladas, aumento de 3,4% em relação a junho e 6,1% comparado com julho de 2024. Com isso, o acumulado do ano chega a 30,6 milhões de toneladas processadas, 6,1% acima do total para o mesmo período de 2024.

A semana começou com alta significativa do petróleo, com o Brent subindo 1,53% e o WTI 1,93% até o dia 16. Os aumentos foram impulsionados pela intensificação dos ataques ucranianos contra refinarias russas, além das expectativas de corte de juros pelo Fed. No entanto, os preços reverteram progressivamente, com o Brent caindo para US$ 66,04, queda de 1,3% no final da semana, pressionado por preocupações com o balanço global superavitário e sinais de desaceleração econômica americana, após as declarações cautelosas de Jerome Powell sobre futuros cortes de juros.

Apesar dos dados positivos de estoques americanos, mesmo com queda de 9 milhões de barris – a maior desde dezembro de 2023, e das conversas entre EUA e Índia sinalizando possível alívio nas sanções, o mercado demonstrou que os fundamentais de oferta abundante e demanda enfraquecida continuam sobrepondo-se aos prêmios geopolíticos. A China segue sendo vista como principal pilar de absorção do petróleo adicional no mercado, por meio da ampliação de seus estoques estratégicos.

O óleo de palma encerrou a semana em queda de 1,1%, prejudicado pela semana encurtada, em razão de feriados malaios e pelo cenário baixista geral dos óleos vegetais. Com a retomada das negociações, o contrato apresentou volatilidade inicial com alta de até 2,35%, mas não conseguiu sustentar os ganhos por causa da falta de negócios no mercado físico da Índia, bem como da desvalorização do dólar frente ao ringgit malaio.

Os fatores baixistas incluíram o acúmulo de estoques na Malásia e dúvidas sobre as importações indianas, apesar dos dados oficiais mostrarem recuperação das importações da Índia para 1,6 milhão de toneladas em agosto, maior volume desde julho de 2024. Como pontos de suporte, a produção malaia mostrou queda de 8,05% nos primeiros 15 dias de setembro, e a finalização do acordo comercial entre Indonésia e União Europeia pode favorecer futuros embarques de óleo de palma.

O óleo de soja iniciou a semana com forte momento altista, registrando cinco pregões consecutivos de alta impulsionados pelos dados da Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA (NOPA, na sigla em inglês). Os dados de agosto revelaram esmagamento de 5,166 milhões de toneladas, queda de 3%, mas com redução significativa dos estoques de óleo de 625,5 para 564,7 mil toneladas, redução de 9,7%, indicando melhora na demanda doméstica, levando o contrato de dezembro a atingir US¢ 53,0/lb com alta de 1,3%.

No entanto, o óleo de soja reverteu completamente os ganhos da semana após a proposta decepcionante da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) sobre as transferências de metas ambientais das pequenas refinarias. A agência expandiu as opções de consulta pública para incluir isenções de 25% e 75%, além das originais de 50% e 100%, prolongando a incerteza até o final de outubro.

Combinado com a ausência de acordos comerciais entre EUA e China para a nova safra, o contrato de outubro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 50,03 cents/libra na sexta-feira (19/09), apresentando desvalorização de 3,17% na semana.

O prêmio de outubro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá subiu 50 pontos, fechando a semana em 0,60 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.116,20/ton, uma desvalorização de 2,20% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve na semana um volume de vendas de 1.605 m³, quase 6 mil m³ a menos em relação à semana anterior, com destaque para o volume negociado de 1.000 m³ em Minas Gerais. O preço médio apurado na semana foi de R$ 6.198/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com valorização de 1,1% em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

Cinco entidades do setor de combustíveis manifestaram oposição à criação do Operador Nacional do Sistema de Combustíveis (ONSC), proposto no projeto de lei 1923/2024 para monitorar em tempo real as atividades de refino, importação, distribuição e comercialização de combustíveis.

A Federação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) e o Sindicato Nacional das Empresas Transportadoras Revendedoras Retalhistas de Combustíveis (SindTRR) argumentam que a medida é contraprodutiva e enfraquece a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), gerando sobreposição de funções, aumento de custos operacionais e perda de eficiência.

As entidades defendem que, em vez de criar um novo órgão, seria mais eficiente fortalecer a ANP com mais recursos financeiros e melhorar a coordenação interinstitucional por meio do compartilhamento de informações fiscais pelas Secretarias de Fazenda e Receita Federal, aproveitando o conhecimento já acumulado pela agência reguladora.

Segundo o levantamento realizado entre 08 e 14/09 pela ANP, o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.829,68, valorização de 0,79% em relação ao valor médio da semana anterior. A região Sudeste foi a única com redução, de 0,72%, enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste tiveram as maiores valorizações, com 3,66% e 2,52% respectivamente. O mercado acumula uma redução de 7,9% no ano.