
O Brasil pretende diminuir drasticamente a dependência de fertilizantes importados nas próximas décadas. De acordo com o pesquisador Paulo Cesar Teixeira, da Embrapa Solos, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) estabelece como meta reduzir as importações para 50% da demanda nacional até 2050, em um cenário que projeta o consumo de 77 milhões de toneladas do insumo.
Atualmente, cerca de 90% dos fertilizantes utilizados no país são importados, o que torna o setor vulnerável a oscilações do mercado internacional. O consumo brasileiro gira em torno de 45 milhões de toneladas por ano.
Plano Nacional de Fertilizantes quer estimular produção doméstica
O pesquisador da Embrapa explicou que o PNF representa uma estratégia de longo prazo para garantir a segurança alimentar e reduzir riscos de desabastecimento. “É o caminho a ser seguido, o ponto de virada, para diminuir a dependência externa. Houve uma escolha, no passado, de não priorizar a produção nacional”, destacou Teixeira durante o lançamento do estudo “Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2025”, produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O plano prevê incentivos à produção local, investimentos em infraestrutura logística e parcerias público-privadas para desenvolver cadeias produtivas de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos.
Rio de Janeiro é considerado ponto estratégico para expansão industrial
Para Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), o Rio de Janeiro tem papel central no processo de ampliação da capacidade produtiva brasileira.
Segundo ele, a alta disponibilidade de gás natural no estado o torna um pólo estratégico para impulsionar novas plantas industriais, especialmente voltadas à produção de fertilizantes nitrogenados. “O Rio de Janeiro tem condições favoráveis para dobrar a produção nacional e contribuir de forma decisiva para a meta do PNF”, afirmou.
Produção nacional pode reduzir emissões e custos logísticos
Além de fortalecer a segurança do agronegócio, a produção interna de fertilizantes pode trazer ganhos ambientais e logísticos.
O diretor de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Thiago Dahdah, explicou que a dependência do potássio importado aumenta em mais de 90% as emissões de carbono devido ao transporte marítimo de longas distâncias.
“Estimular a produção nacional significa não apenas reduzir a dependência externa, mas também diminuir as emissões e os custos logísticos do setor agrícola brasileiro”, destacou Dahdah.
Fonte: Conexão MT