
Insatisfeita com o atual acordo de acionistas e o poder de decisão na Braskem (BRKM5), a Petrobras (PETR4) considera ser “possível” até assumir a operação da petroquímica na qual é uma das sócias, disse a presidente da estatal, Magda Chambriard, ontem, 5.
“Olha só, esse é um assunto em discussão, que não está fechado, então qualquer coisa que eu diga a esse respeito não seria mais do que especulação”, disse ela a jornalistas, após evento na Firjan, no Rio de Janeiro.
Ao ser questionada sobre o que isso significaria, a executiva afirmou que seria “exercer mais sinergias” entre a atividade de uma petroquímica com a de uma petroleira, no caso, a Petrobras.
Ela disse esperar para este ano um novo acordo de acionistas na Braskem, junto ao sócio Novonor. Afirmou ainda que as discussões têm evoluído.
Atualmente, a Novonor detém 50,1% das ações com direito a voto e 38,3% do total de papéis da Braskem. A Petrobras possui 47% das ações votantes e 36,1% do total de ações. O restante é pulverizado.
A IG4 Capital representa os bancos credores da Novonor – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES – que têm ações BRKM5 como garantia de empréstimos concedidos à petroquímica.
Processo de venda da Braskem
Paralelamente, a Novonor, ex-Odebrecht, tem tido negociações neste ano para vender uma fatia na Braskem, com o objetivo de saldar dívidas bilionárias.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, Novonor e IG4 Capital planejavam assinar um acordo de transferência das ações da Braskem na próxima semana. Fontes da Broadcast indicavam que também será formalizado um acordo de acionistas entre IG4 e Petrobras, que ampliaria os poderes da estatal, incluindo o controle operacional da companhia, atualmente exercido pela Novonor.
A Braskem divulgou, na quarta-feira (3), um comunicado ao mercado negando as notícias sobre um suposto processo de venda da petroquímica. A Novonor declarou que mantém negociações com a IG4 Solutions LLC para um possível acordo de exclusividade, mas que nenhum documento vinculante foi assinado.
A Petrobras (PETR4), por sua vez, disse que não participa desse acordo e que ainda estuda alternativas para sua participação na Braskem.
Plano de transição energética
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que o Conselho de Administração da estatal vai aprovar, até o final do ano, um projeto de transição energética “interessante, e que não é greenwashing (sem impacto efetivo)”.
A executiva apresentou o Plano de Negócios 2026-2030 da empresa para empresários fluminenses, lembrando que o plano se estende até 2050, quando a companhia pretende atingir emissões líquidas zero.
Volta aos fertilizantes
A Petrobras também está se preparando para reiniciar a produção de fertilizantes nas fábricas do Nordeste, o que deve acontecer até janeiro, afirmou o diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos da estatal, William França, à Reuters.
Em outubro, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, havia dito que a companhia reiniciaria a operação no início de 2026, mas não deu um prazo mais específico.
A Petrobras voltou a investir em fertilizantes após uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca deixar o setor agrícola menos dependente de importações do insumo.
O plano inicial da estatal é atender em 2026 cerca de 20% do mercado brasileiro de fertilizante nitrogenado, produto que o Brasil importa em grande escala. Até o fim da década, o país deve produzir cerca de 40% da demanda interna de ureia, hoje quase totalmente importada.
Fonte: Seu Dinheiro