
Existe uma teia longa e complexa quando o assunto é produção e distribuição de fertilizantes no mundo. Assim, para entender o contexto de oferta, demanda e preços do setor é necessário compreender a “geopolítica dos fertilizantes”, como explicou o country manager da Mosaic no Brasil, Eduardo Monteiro, convidado do décimo episódio do Raiz do Negócio, podcast feito em parceria entre o InfoMoney e o The AgriBiz.
A China, por exemplo, é considerada um grande player neste contexto. Mas está longe de ser a única. E tudo depende muito do tipo fertilizante analisado: potássio, fosfato ou nitrogênio.
Para o potássio, exemplos de protagonistas do mercado global são Canadá, Rússia e Bielorrússia. Para nitrogenados, entra a China, com uma participação extremamente relevante, principal fornecedor do Brasil neste quesito. E, para os fosfatados, entram Oriente Médio e Norte da África como pontos de destaque, como Marrocos e Arábia Saudita, por exemplo.
“Uma coisa importante que a gente olha enquanto gestão estratégica é ter uma matriz de abastecimento confiável e estabelecer relações com players que vão poder cumprir os acordos.”
Tentando resolver esta situação, o governo aprovou, em 2023, o Plano Nacional de Fertilizantes, com o intuito de suprir cerca de metade da demanda pelo produto até 2050.
Ou seja, mesmo que isso seja concretizado, o caminho ainda é bastante longo. Até lá, algumas questões são imprescindíveis para o funcionamento do setor – e dos produtores brasileiros como um todo.
E a Mosaic, dentro do que é produzido de fertilizantes no Brasil, é responsável por pouco mais da metade dos produtos (cerca de 55%). São cinco complexos químicos, além das unidades de mineração.
E a Rússia?
A Rússia tem um peso relevante nesta equação. Conforme Monteiro ressaltou durante a conversa com a bancada do podcast, cerca de 30% das importações de fertilizantes no Brasil vêm de lá.
Para se ter uma ideia, houve, ao estourar o conflito entre Rússia e Ucrânia, uma série de tratativas para que não se restringisse a capacidade de exportações para o resto do mundo. “Seria um impacto direto na produção de alimentos, uma consequência muito perversa. E seguimos, por enquanto, sem impactos muito significativos”, afirmou.
Porém, ressaltou o executivo, se houver uma escalada entre Rússia e Europa, seria possível ter consequências relevantes para o mercado interno brasileiro. E isso poderia afetar a produção. “Esse é um ponto importante. Com muita responsabilidade, claro que não quero criar nenhum temor desnecessário, mas a gente não pode menosprezar esse impacto, que seria 25 a 30% do que o Brasil consome”, comentou. Carga que seria muito difícil para suprir com outras fontes.
“Sendo muito pragmático, a gente não vai ficar sem a Rússia”, completou.
Fonte: Info Money