Agronegócio em 2025: endividamento desafia setor e limita crescimento

Foto: Sistema Famasul

O agronegócio brasileiro atravessou 2025 sob o peso de um endividamento historicamente elevado e de um ritmo mais lento no mercado de fertilizantes. Essa é a avaliação de Eduardo Monteiro, country manager da Mosaic no Brasil e convidado do décimo episódio do Raiz do Negócio, podcast feito em parceria entre o InfoMoney e o The AgriBiz.

Durante a entrevista, Monteiro diz que os números do setor não deixam espaço para dúvidas. A dívida financeira do agronegócio gira em torno de R$ 188 bilhões, o que equivale a aproximadamente duas safras e meia de geração de caixa.

Para ele, trata-se de um nível de alavancagem alto, agravado por juros momentaneamente elevados. Embora a taxa básica seja de cerca de 15%, ressaltou, o risco do agronegócio faz com que o custo final supere 20% ao ano. “Isso traz um desafio adicional ao agricultor, que é um segmento que necessita de financiamento”, afirmou.

No mercado de fertilizantes, o ano começou com otimismo, mas perdeu força no final do primeiro trimestre e início do segundo. Uma das principais razões foi a disponibilidade limitada de crédito. Muitas intenções de compra firmadas com agricultores não se concretizaram por falta de garantias, pela liberação mais lenta de recursos do Plano Safra e por exigências maiores dos bancos.

Como consequência, o crescimento esperado de cerca de 4% não deve se confirmar. A estimativa agora é de 1% a 2%, o que representa de 1 a 2 milhões de toneladas a mais que no ano passado. Monteiro destaca, porém, um ponto relevante: esse aumento ocorre em toneladas absolutas. Quando convertido em nutrientes, métrica que realmente define a aplicação no solo, o volume será muito semelhante ao do ano anterior.

Maratona, não sprint

Monteiro lembrou também que a agricultura é um setor cíclico, com mais cara de uma maratona do que uma corrida de 100 metros. E que, por isso, exige preparo. Há produtores que aproveitaram os anos da pandemia e do pós-pandemia para constituir reservas, poupar e se posicionar melhor. Houve, porém, quem se alavancou mais, sofreu com eventos climáticos ou adotou processos de gestão de risco menos eficazes. Esse segundo grupo, ainda que pequeno, segundo o executivo, contribuiu para o aumento expressivo de recuperações judiciais ao longo do ano.

Para ele, a principal forma de atravessar esse ambiente é investir em tecnologia, aumentar a produtividade e gerar mais fluxo de caixa para conseguir honrar compromissos. Com cerca de 90% da safra já plantada e modelos climáticos indicando normalidade, ele reforça que 2025 não oferece espaço para erros: gestão rigorosa de custos, atenção às relações de troca e foco na rentabilidade são fundamentais para permitir geração de caixa.

Fonte: Info Money