
O novo modelo de fiscalização da tabela mínima de frete, implementado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), tem provocado impactos diretos no setor logístico brasileiro. Desde que a conformidade passou a ser verificada automaticamente por meio do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e), transportadoras relatam aumento de custos e queda na movimentação de cargas — especialmente no segmento de fertilizantes.
A mudança, que dispensa a abordagem física dos veículos, baseia-se na análise digital das informações declaradas pelas empresas contratantes. O sistema cruza os dados do MDF-e com os valores mínimos definidos por lei para o transporte rodoviário, identificando automaticamente fretes pagos abaixo do piso estabelecido.
Com a nova ferramenta, a fiscalização tornou-se mais rigorosa e abrangente. Embora a ANTT destaque ganhos em eficiência e gestão logística, transportadoras enfrentam dificuldades para ajustar seus contratos e repassar os custos aos contratantes, especialmente em mercados sensíveis ao preço, como o de fertilizantes.
De acordo com dados da Argus, os reajustes exigidos pelo novo sistema podem elevar em até 50% o custo logístico rodoviário. No entanto, algumas empresas e misturadoras resistem à atualização dos valores, o que tem travado negociações e reduzido a liquidez em diversas rotas.
O resultado é uma desaceleração no transporte de fertilizantes, afetando diretamente a dinâmica de mercado. A tendência de estabilidade nos preços de frete, observada nas últimas semanas, reflete esse novo cenário, com menos cargas movimentadas e incerteza sobre os próximos ajustes.
A ANTT justifica que o objetivo da medida é ampliar a transparência e o cumprimento da legislação vigente, coibindo práticas que desvalorizam o trabalho dos caminhoneiros. Por outro lado, o setor logístico alerta para os efeitos colaterais da implementação sem diálogo prévio, o que pode gerar gargalos logísticos e descompasso entre oferta e demanda de transporte.
Fonte: AgroLink