
Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontece de 10 a 21 de novembro, a Petrobras anunciou que disponibilizará “diesel com conteúdo renovável” para o transporte rodoviário e para a geração de energia. No entanto, o uso deste combustível gerou debates, pois o produto em questão é um diesel coprocessado, classificado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como um combustível de origem fóssil.
Diesel S10 com 10% de conteúdo renovável
Conforme declarado pela Petrobras, a companhia usará o Diesel S10, que contém 10% de conteúdo renovável, conhecido como R10. Este diesel será utilizado na frota de ônibus designada e nos geradores de energia elétrica que serão empregados durante o evento, adequando-se às necessidades operacionais. O “Diesel R” é uma mistura de derivados fósseis com uma parte de diesel renovável, sendo produzido na refinaria Repar, localizada em Paraná.
O HBio, uma mistura de óleo vegetal com petróleo, é patenteado pela Petrobras. A escolha desse combustível gerou uma reação do setor de biodiesel. Em entrevista ao Metrópoles, a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel expressou preocupação com a decisão, alegando que empresas do setor propuseram alternativas que consideram mais sustentáveis.
Alternativas ao diesel coprocessado
Os produtores de biodiesel apresentaram a oferta de biodiesel 100% (B100), que não utiliza petróleo, para geradores estacionários da COP30. Além disso, propuseram o B25, que é uma mistura de 25% de biodiesel e 75% de diesel derivado do petróleo, para o transporte coletivo durante o evento. Atualmente, o Brasil adotou o B30 como padrão nas bombas comerciais de combustível, o que já demonstra um movimento em direção a combustíveis mais limpos.
A definição de biocombustíveis e suas implicações
A controvérsia se intensifica ao notar que o “diesel R” ou HBIO é considerado por muitos como um produto que, apesar da adição de fração renovável, não se caracteriza como um biocombustível verdadeiro. O grupo de deputados liderado por Alceu Moreira (MDB-RS) destaca que o diesel coprocessado não é renovável por definição legal, carece de rastreabilidade e não possui uma especificação reconhecida como biocombustível pela ANP. Ademais, não está inserido na Lei do Combustível do Futuro, que visa promover combustíveis mais sustentáveis.
O papel da Petrobras na transição energética
A Petrobrás, com sua grande influência no setor energético brasileiro, está sob intenso escrutínio. A decisão de mostrar um diesel coprocessado durante a COP30 pode ser vista como uma tentativa de promover sua imagem como uma empresa preocupada com a sustentabilidade, mas ao mesmo tempo, gera questões sobre a autenticidade de suas ações. A transição energética no Brasil demanda um comprometimento mais profundo com combustíveis verdadeiramente renováveis.
Portanto, a discussão não se limita apenas ao combustível que será disponibilizado durante a COP30, mas também acerca do futuro da matriz energética brasileira, que deve considerar as reais implicações ambientais e a verdadeira sustentabilidade. Enquanto isso, a pressão sobre a Petrobras e suas políticas de combustível continua a crescer, à medida que a sociedade civil e os representantes do setor de biodiesel pleiteiam por uma transição real.
A COP30 é uma oportunidade crucial para que o Brasil se posicione não apenas como um grande produtor de combustíveis fósseis, mas também como líder em soluções de energia renovável. O desafio está em como alavancar essa mudança de forma que realmente beneficie a todos e respeite o meio ambiente.
Fonte: Diário do Povo