Conab reduz previsão e estima safra de cana-de-açúcar em 666,4 milhões de toneladas na temporada 2025/26

Colheita mecanizada em lavoura de cana-de-açúcar — Foto: Wenderson Araújo/CNA

A safra de cana-de-açúcar 2025/26 deve somar 666,4 milhões de toneladas, segundo o terceiro levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (04/10). O volume representa uma queda de 1,6% em relação à temporada anterior e reflete os efeitos do clima desfavorável, marcado por restrição hídrica, chuvas irregulares e altas temperaturas durante o desenvolvimento das lavouras, especialmente no Centro-Sul do país.

A área colhida deve crescer 2,4%, alcançando 8,97 milhões de hectares, mas o avanço não é suficiente para compensar a redução de 3,8% na produtividade média nacional, estimada em 74.259 quilos por hectare.

Sudeste concentra principais perdas de produtividade

Responsável por mais de 60% da produção nacional, o Sudeste deve colher 420,2 milhões de toneladas de cana, uma retração de 4,4% frente à safra 2024/25.

O estado de São Paulo, maior produtor do País, lidera as perdas, com 18,2 milhões de toneladas a menos. Segundo a Conab, secas prolongadas, altas temperaturas e incêndios prejudicaram a rebrota e o desenvolvimento das lavouras paulistas, comprometendo o rendimento.

No Norte, mesmo com aumento da área plantada, a produção deve cair levemente para 4 milhões de toneladas, também em função das condições climáticas adversas.

Centro-Oeste mantém expansão da área e cresce 3,9%

O Centro-Oeste é uma das poucas regiões com resultado positivo. Apesar da queda de 1,9% na produtividade média (77.024 kg/ha), a expansão de 6% da área colhida — que passa de 1,85 milhão para 1,96 milhão de hectares — deve impulsionar um crescimento de 3,9% na produção, totalizando 151 milhões de toneladas.

Nordeste e Sul apresentam leve recuperação

No Nordeste, a produção deve atingir 55,1 milhões de toneladas, alta de 1,3% sobre o ciclo anterior. A produtividade média deve permanecer estável, com 60.630 quilos por hectare, e a área cultivada crescerá 1,2%, chegando a 908,2 mil hectares.

Já o Sul deve registrar melhores resultados, favorecido por chuvas mais regulares. A produção estimada é de 36,2 milhões de toneladas, avanço de 7,7% na comparação anual, com aumento tanto de área quanto de produtividade.

Produção de açúcar cresce e etanol recua

Com menor oferta de cana, o crescimento da produção de açúcar será limitado, mas a Conab projeta 45 milhões de toneladas, alta de 2% frente à safra passada. Se confirmada, será o segundo maior volume da série histórica, atrás apenas de 2023/24, quando o país produziu 45,68 milhões de toneladas.

A produção total de etanol, somando as origens de cana e milho, deve alcançar 36,2 bilhões de litros, uma queda de 2,8% em relação à safra anterior. O etanol de cana deve cair 9,5%, para 26,55 bilhões de litros, enquanto o etanol de milho deve crescer 22,6%, chegando a 9,61 bilhões de litros. Desse total, 13,58 bilhões de litros serão de etanol anidro e 22,16 bilhões de litros, de hidratado.

Exportações recuam e preços do açúcar enfrentam pressão

Entre abril e setembro, o Brasil exportou 17,7 milhões de toneladas de açúcar, queda de 9% frente ao mesmo período da safra anterior.

Apesar do mix mais voltado à produção de açúcar, a qualidade inferior da matéria-prima, com menor Açúcar Total Recuperável (ATR), reduziu a eficiência produtiva. Além disso, o acúmulo de estoques de açúcar bruto em setembro aumentou a relação estoque/exportação, pressionando os preços internacionais na Bolsa de Nova York.

A revisão do USDA, que reduziu a projeção de consumo doméstico para cerca de 9 milhões de toneladas, pode contribuir para uma recuperação gradual dos preços do açúcar cristal no mercado físico no quarto trimestre.

Etanol mantém boas vendas no mercado interno

No mercado interno, as vendas de etanol seguem aquecidas, especialmente o anidro, impulsionado pela maior demanda para mistura à gasolina e pela reposição de estoques das distribuidoras.

Já o hidratado permanece sensível à paridade com a gasolina e à variação cambial.

Com a safra se aproximando do fim, ATR baixo e oferta ainda restrita, o mercado tende a operar em faixa estável ou ligeiramente firme até o fim do ano.

Fonte: Portal do Agronegócio