Etanol cai nos postos em semana de baixa da gasolina nas refinarias

Bomba para abastecimento com etanol em posto de combustíveis – Foto Divulgação/ Unica

Entre 19 e 25 de outubro, os preços do etanol e da gasolina voltaram a cair na média nacional. O biocombustível foi negociado por R$ 4,28 por litro, com redução de 0,5% ante os R$ 4,30/L da semana anterior. O seu concorrente fóssil, por sua vez, foi vendido a R$ 6,20/L, queda de 0,3% ante os R$ 6,20/L precedentes.

Os números divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) levam em conta não somente o que é observado nos postos, mas também os volumes vendidos. Dessa forma, grandes mercados consumidores têm maior representatividade no resultado.

Apesar da redução, as mudanças nos valores da gasolina provavelmente ainda não refletem integralmente a diminuição de 4,9% no preço do produto nas refinarias, anunciada pela Petrobras na última segunda-feira, 20.

Os preços da Petrobras permaneceram acima da paridade com o valor internacional do petróleo, segundo analistas de mercado, que consideraram o movimento da empresa como “conservador”, deixando aberta uma janela de importação. Apesar disso, a redução pode gerar pressão nos produtores de etanol, que enfrentarão um “teto” mais baixo para os preços do biocombustível nos próximos meses.

Assim, o valor do renovável se manteve dentro da faixa considerada economicamente favorável para o consumidor, ainda que bem próximo ao limite. Conforme a ANP, a relação entre o preço do etanol e o da gasolina foi de 69% na média nacional, inferior aos 69,1% do período anterior. Considerando as médias estaduais, o biocombustível é tido como competitivo em cinco estados.

De 20 a 24 de outubro, o hidratado foi vendido pelas usinas de São Paulo a R$ 2,7527/L, aumento de 0,6% ante os R$ 2,7365/L da semana passada. Já as usinas goianas e mato-grossenses passaram por altas de 0,6% e 0,7%, respectivamente. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP.

Variações nos estados

Em relação aos valores nos postos, a amostragem de municípios tem mudado a cada análise. No período mais recente, a pesquisa foi feita em 311 cidades brasileiras, três a menos do que na semana anterior.

De acordo com a ANP, de 19 a 25 de outubro, os preços médios do etanol caíram em 17 estados e no Distrito Federal, aumentaram em cinco e ficaram estáveis em quatro. Já os da gasolina tiveram queda em 14 unidades da federação, subiram em sete e se mantiveram em seis.

Em São Paulo, o valor médio do biocombustível recuou 0,7%, para R$ 4,07/L, enquanto o da gasolina baixou 1%, para R$ 6,02/L. Assim, a relação entre os preços ficou em 67,6%, um patamar considerado economicamente favorável para o renovável.

Em Goiás, o etanol foi comercializado a R$ 4,67/L, baixa de 0,2%. Já a gasolina reduziu 0,5%, a R$ 6,40/L. Dessa forma, a relação entre os valores dos combustíveis foi de 73%, sem vantagem econômica para o consumo do renovável.

Por sua vez, em Minas Gerais, os preços do etanol tiveram retração de 1,2%, para R$ 4,17/L, e os da gasolina reduziram 0,5%, para R$ 5,96/L. Nesse caso, o renovável custou o equivalente a 70% do preço do combustível fóssil, no limite da competitividade.

Em Mato Grosso, o valor médio do etanol reduziu 0,2%, a R$ 4,33/L, enquanto o da gasolina retraiu 0,5%, para R$ 6,32/L. Com isso, a relação entre os preços foi de 68,5%, considerada favorável ao etanol.

Já em Mato Grosso do Sul, o etanol teve uma retração de 1,5%, para R$ 3,87/L – o menor valor dentre todos os estados e o único abaixo de R$ 4/L –, e a gasolina caiu 0,5%, para R$ 5,90/L. Assim, o valor do biocombustível correspondeu a 65,6% do preço de seu concorrente fóssil, em um resultado economicamente favorável para o consumo do renovável e o mais competitivo do país.

Por fim, no Paraná, o etanol custou o equivalente a 68,2% do preço da gasolina, um patamar considerado vantajoso para o biocombustível. No período, o valor do etanol se estabilizou em R$ 4,42/L e o da gasolina caiu 0,2%, para R$ 6,48/L.

Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também é possível acessar gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.

Corte de gastos

Atualmente, a empresa contratada pela ANP para a realização do levantamento é a Triad Research Consultoria e Pesquisa de Mercado. A vigência do acordo começou em 26 de setembro de 2022 e o cronograma inicial previa um crescimento gradual da amostragem, atingindo 459 municípios até 16 de abril de 2023.

Entretanto, o alcance do estudo foi reduzido a partir de julho de 2024 devido a cortes no orçamento da ANP. Em 8 de agosto, a ANP anunciou que a liberação de recursos deve permitir que a amostragem chegue a até 417 localidades.

Por Gabrielle Rumor Koster

Fonte: Nova Cana