
Foto Abe McNatt/Oficial da Casa Branca
Os diplomatas de Brasil e Estados Unidos já iniciaram as tratativas para organizar a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, prevista para a próxima semana. Segundo fontes do governo, a prioridade será discutir temas econômicos, com a expectativa de reverter parte das tarifas impostas por Trump a produtos brasileiros.
Entre os principais pontos da pré-pauta estão a abertura do acesso norte-americano a minerais estratégicos, como terras raras — essenciais para a produção de baterias e tecnologias avançadas — e a negociação em torno do etanol. Hoje, o Brasil aplica tarifa de 18% sobre o etanol importado dos EUA, enquanto os norte-americanos cobram 2,5% sobre o produto brasileiro.
Apesar de resistências dentro do governo, aliados de Lula afirmam que não há assunto impossível de ser negociado, desde que restrito ao campo econômico. Em contrapartida, o Palácio do Planalto descarta concessões em outros temas, como a regulação das big techs. Na Assembleia Geral da ONU, Lula voltou a defender regras para plataformas digitais, mas assessores afirmam que o assunto não deve entrar na conversa com Trump.
Outra frente em análise é a expansão de data centers no Brasil, regulamentada recentemente, que pode interessar às empresas norte-americanas. A expectativa é de que a reunião seja virtual — por telefone ou videoconferência — para evitar constrangimentos diplomáticos.
Defesa da democracia
Antes do encontro com Trump, Lula participou nesta quarta-feira (24), em Nova York, de um painel sobre democracia e combate ao extremismo na sede da ONU. O evento foi aberto pelo presidente chileno Gabriel Boric. Em discurso improvisado, Lula afirmou que a democracia é o único caminho para reconstruir o multilateralismo e criticou a postura de governos de esquerda que, segundo ele, acabam cedendo mais às pressões do mercado e dos adversários do que atendendo às expectativas de seus eleitores.
‘Muitas vezes ganhamos eleições com discurso de esquerda e, ao começar a governar, atendemos mais aos interesses dos inimigos do que dos amigos’, declarou. Ao final, o presidente questionou se o avanço da extrema direita é fruto da força política da direita ou da incompetência dos democratas em combatê-la. Lula retorna ainda nesta quarta-feira (24) a Brasília, após participar de uma coletiva de imprensa.
Por Gabriela Echenique
Fonte: CBN