
No início desta semana, a discussão sobre a inclusão do etanol nas negociações Brasil‑EUA retornou ao radar do agronegócio. O presidente da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), Renato Cunha, enfatizou que o país não tem intenção de aceitar aumentos de importação que gerariam excesso de oferta e pressão nos preços, sobretudo no Nordeste.
Os números apresentados na reportagem do Agro Estadão confirmam a preocupação: de 2021 a 2024, o Brasil importou, em média, apenas 247 milhões de litros de etanol dos EUA, enquanto as exportações para o mesmo mercado caíram de 1,02 bilhões para 309 milhões de litros. Já a produção norte‑americana atingiu 7,4 bilhões de litros em 2024, mas apenas 1,4 % desse volume destina‑se ao Brasil.
No cenário interno, o setor sucroenergético enfrenta altos custos de produção – 78 % do etanol nacional é fabricado a partir da cana, o restante (22 %) do milho – e a recente tarifa de 50 % sobre o açúcar brasileiro, que afeta especialmente a região Nordeste. Com 150 mil toneladas de cota de importação, a nova medida provocou mais de US$ 200 milhões de perda na receita bruta, equivalente a mais de R$ 1 bilhão, impactando diretamente a remuneração dos produtores de cana.
Cunha conclui que qualquer negociação deve equilibrar açúcar e etanol, garantindo que o excedente exportável seja alocado de maneira racional e que o Brasil mantenha espaço para não importar etanol desnecessariamente. A dinâmica entre os mercados interno e externo, juntamente com a integração da agroindústria, será decisiva para a manutenção da competitividade da cana e do biocombustível produzido no Brasil.
Íntegra da matéria: Estadão