Com taxação dos EUA em vigor, exportação brasileira de açúcar cai em volume e preço

Navio Cape Town ancorado no Terminal Copersucar embarca açúcar para o exterior
Foto: Coopersucar/Divulgação

Em agosto, as exportações brasileiras de açúcar registraram novas quedas, em volume e em preço. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram enviadas 3,74 milhões de toneladas no mês, retração de 4,5% ante as 3,92 milhões de toneladas despachadas no mesmo período de 2024. Na comparação com julho, por outro lado, houve um acréscimo de 4,6%.

Os dados detalhados de exportações foram divulgados pela secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta quinta-feira, 4.

De acordo com os números da Secex, o preço do açúcar manteve a tendência de queda vista desde o início do ano. No mês, o açúcar foi negociado a US$ 400,88 por tonelada, retração de 1,8% em relação a julho. Na comparação anual, a baixa chegou a 12,2%. Desta forma, a receita mensal foi de US$ 1,5 bilhão, queda de 16,1% em relação ao ano passado.

Do total exportado em agosto, 3,3 milhões de toneladas eram de açúcar bruto, queda de 5,4% ante o mesmo período de 2024. O preço médio foi de US$ 396,6/t (-11,7%), o que resultou em uma receita de US$ 1,31 bilhão (-16,5%).

As 447 mil toneladas restantes eram do produto refinado, alta anual de 3%. Neste caso, o preço médio ficou em US$ 432,35/t (-16,2%), gerando um faturamento de US$ 193,35 milhões (-13,7%).

No mês, os principais destinos do açúcar brasileiro foram: China (843,27 mil toneladas); Indonésia (291,82 mil t); Índia (251,02 mil t); Nigéria (203,04 mil t); e Argélia (184,64 mil t).

No acumulado de 2025, o Brasil exportou 20,18 milhões de toneladas de açúcar, 17,3% abaixo do volume visto entre janeiro e agosto do ano passado. Já o preço médio passou por uma alta de 4,1%, para US$ 438,65/t, totalizando uma receita de US$ 8,85 bilhões (-28,4%).

Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 16,45 milhões de toneladas de açúcar, 19,7% abaixo do volume visto nos setes primeiros meses de 2024. Já o preço médio passou por uma retração de 10,9%, para US$ 447,40/t, totalizando uma receita de US$ 7,36 bilhões (-28,4%).

Taxação dos EUA

No dia 6 de agosto, os Estados Unidos colocaram em vigor uma taxa de 50% para a importação de produtos do Brasil. Com isso, as receitas com as exportações do adoçante para o país caíram 88,4% no mês, totalizando US$ 6,4 milhões. Ainda assim, considerando todos os produtos brasileiros, a balança comercial registrou um superávit de US$ 6,13 bilhões no período.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimou, em julho, que o agronegócio brasileiro pode deixar de exportar US$ 5,8 bilhões ao Estados Unidos ainda este ano.

Já a Datagro calculou que a tarifa geraria um custo extra de, aproximadamente, US$ 27,9 milhões por ano apenas para as exportações brasileiras do adoçante feitas pela cota tarifária. A consultoria considerou um volume de 150 mil toneladas vendido a US$ 371 por tonelada, já somada a tarifa de 50%.

A taxação pode, inclusive, tornar a produção de açúcar orgânico inviável, segundo o criador da Native, Leontino Balbo Júnior. O país norte-americano é o principal consumidor deste produto. A Jalles, uma das quatro empresas produtoras de açúcar orgânico, estimou um prejuízo entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões com a perda da competitividade do adoçante.

Em agosto, os Estados Unidos importaram 8,49 mil de toneladas de adoçante brasileiro, queda de 79,5% em relação às 41,4 mil toneladas adquiridas em julho. Já na comparação anual houve uma retração de 92,6% – em agosto de 2024, o país norte-americano negociou 115,23 mil toneladas de açúcar com o Brasil.

Por Giully Regina

Fonte: NovaCana