
Por Patrick Cruz
A israelense ICL tem sido uma agente de consolidação do segmento de especialidades, um dos mais pulverizados da indústria de insumos agrícolas no país. Nos últimos cinco anos, ela fez três grandes aquisições na América do Sul: a da Fertiláqua, em 2020, em um negócio de US$ 120 milhões, a da divisão agrícola da Compass na região, em 2021, por US$ 420 milhões, e, no ano passado, a da Nitro 1000, por cerca de US$ 30 milhões, que marcou a estreia da companhia no ramo de insumos biológicos. Não que “consolidação” seja o termo mais preciso para definir os passos da ICL ou de qualquer outra companhia do segmento — afinal, esse nicho da indústria tem mais de 800 empresas. E não que aquisições sejam carta única na manga do grupo em seus planos de expansão no mercado local.
“Estamos atentos a novas [oportunidades de] aquisições”, diz o presidente da ICL na América do Sul, Alfredo Kober. “Mas também vamos lançar novos produtos e queremos explorar melhor o portfólio que já temos”. Nas considerações sobre eventuais novas compras, afirma, o segmento de bioinsumos terá “atenção especial”.
As chamadas especialidades são insumos que as indústrias desenvolvem para atender a necessidades específicas das plantas — a falta de um nutriente na etapa de germinação ou em um momento de escassez hídrica, por exemplo. Isso exige pesquisas dedicadas para o desenvolvimento de produtos para realidades distintas do agro brasileiro.
No país, a ICL trabalha em quatro centros experimentais, localizados em Cruz Alta (RS) e nas cidades paulistas de Iracemópolis, Conchal e Suzano. No momento, a empresa tem 27 projetos de desenvolvimento de novos produtos, em diferentes etapas.
Dos cinco que estão em estágio final, Kober anunciou três ontem, em seu primeiro encontro com um grupo de jornalistas desde que assumiu o cargo atual, há pouco mais de um ano. Para o lançamento do Sulfurball, um fertilizante à base de enxofre e aditivos, a companhia investiu R$ 50 milhões. O desembolso incluiu ajustes na fábrica que produzia a versão anterior do nutriente, o Sulfurgran.
A empresa tem unidade de produção no Brasil — a maioria delas concentra-se no interior de São Paulo, mas também há fábricas em Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul. “E estamos pensando em ir para o interior”, disse Kober, dando a entender que a expansão ocorreria em área de Cerrado de Minas Gerais.
Para “explorar melhor o portfólio que já tem”, como disse o executivo, uma das iniciativas é aproximar os profissionais de campo dos produtores e, se necessário, ampliar essa equipe, que hoje conta com 600 profissionais. Esse número corresponde a um terço da força de trabalho da empresa no Brasil.
Listada nas bolsa de valores de Tel Aviv e Nova York, a ICL não divulga resultados financeiros separados de cada unidade. Em 2024, a companhia faturou US$ 6,8 bilhões no mundo. Em anos anteriores, o Brasil respondeu por fatias entre 12% e 20%.
Fonte: Globo Rural