Pausa no mandato de biodiesel aumentaria emissões em 4,5 milhões de tCO2, estimam produtores

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Nayara Machado

A demanda de distribuidoras de combustíveis para suspender a mistura de biodiesel no diesel, por até 90 dias, resultaria na retirada do mercado de 2,4 bilhões de litros do biocombustível, aumentando as emissões de CO2 em 4,5 milhões de toneladas pelo maior consumo de diesel fóssil, calcula a produtora de biodiesel Binatural.

Na quarta (12/3), o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) pediu à ANP a suspensão temporária da obrigatoriedade de adição de biodiesel ao diesel B. O pedido requer, ainda, a possibilidade de que o combustível seja vendido com composição 100% fóssil.

A justificativa da entidade é ampliar a fiscalização da mistura para o consumidor e evitar a participação de empresas que não cumprem todas as regras do setor.

Em nota enviada à agência eixos, representantes do grupo que soma capacidade instalada de 600 milhões de litros em usinas em Goiás e na Bahia argumentam que a suspensão do mandato não é a solução para os desafios de fiscalização do setor.

“A adulteração de combustíveis é um problema sério e precisa ser combatida com medidas eficazes, como o fortalecimento da fiscalização e a punição rigorosa dos infratores, sem comprometer uma política pública essencial para a sustentabilidade e a segurança energética do Brasil”, diz a Binatural.

A empresa aponta que além de reduzir emissões, a produção de biodiesel gera empregos e fortalece a economia nacional. E que o impacto da paralisação na mistura pode ter um impacto sobre 16 milhões de empregos diretos e indiretos desde indústria até agricultura familiar.

“Pausar sua obrigatoriedade enviaria um sinal contraditório ao mercado, prejudicando investimentos e comprometendo o avanço da transição energética. O caminho mais adequado é reforçar a capacidade de fiscalização da ANP, garantindo que o mercado opere com integridade, sem retrocessos na agenda de biocombustíveis”, conclui a nota.

À espera do B15

Já o Grupo Delta Energia, que tem usinas em Rio Brilhante (MS) e Cuiabá (MT), somando capacidade de produção de 1,6 milhão de litros de biodiesel por dia, chama a atenção para o cronograma de aumento de adição adiado pelo governo em fevereiro.

Atualmente, o mandato está em 14%. A previsão era subir para 15% em 1º de março de 2025, o que não ocorreu. O mercado agora aguarda uma nova definição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

“Esperamos que o cronograma seja restabelecido o mais breve possível porque a previsibilidade do marco legal fortalece o mercado e movimenta a economia. O setor se preparou para este momento com previsão de investimentos de capital intensivo”, diz a empresa em nota enviada à agência eixos.

“Com a retomada do cronograma, também damos continuidade às ações de descarbonização com ampliação do uso de combustíveis limpos e renováveis em nossa matriz energética, e oferecemos oportunidades sociais, econômicas e ambientais para toda a sociedade”, completa.

Fonte: Eixos